Em reminiscências da memória, fixei o pensamento no distópico romance de George Orwell, 1984; que foi escrito em 1949. O livro mostra uma realidade no futuro de 1984, onde um país fictício é comandado por um regime totalitário, e onde todos são vigiados pelo Grande Irmão. E este se impõe sobre todos, oprimindo e torturando àqueles que se opõem ao regime. Graças a Deus é pura ficção.
Também na mesma época, em 1945, o mesmo autor lançou outra obra-prima com o título A Revolução dos Bichos. Este narra a revolta dos animais de uma granja contra seus donos, numa brilhante fábula sobre o poder. Na verdade, a obra retrata um regime totalitário no meio rural, sendo baseada na ditadura stalinista da antiga Rússia soviética.
Publicado 75 anos atrás, A Revolução dos Bichos mantém em sua narrativa alegórica uma reflexão fundamental para os nossos tempos. No entanto, a correlação com os fatos que inspiraram o autor a escrevê-la quase sempre foi omitida.
Aqui apresentamos a obra como ela, de fato, é: uma crítica contundente à Revolução Russa, ao socialismo real que foi posto em prática e a figuras como Marx, Lenin e Trótski. Uma sátira política devastadora e fábula moral espirituosa, na tradição de Esopo, La Fontaine, Swift e Voltaire, narra a rebelião dos animais de uma granja contra o dono da propriedade, em busca de uma vida melhor. Porém, não muito tempo depois, os elevados ideais de liberdade, justiça e igualdade são traídos e um novo regime de opressão substitui a tirania anterior. “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros” passa a ser o único mandamento em vigor e condensa em poucas palavras como o poder corrompe até mesmo as “causas mais nobres”.
Em A Revolução dos Bichos, Orwell, espírito independente e radical por natureza, desencantado com os descaminhos da Revolução Russa de 1917, satiriza, por meio de uma fábula, o totalitarismo do regime stalinista, feito de mentiras, traições e terror. Graças a Deus, também, é pura ficção.
Desses exemplos, podemos refletir: a arte imita a vida ou a vida imita a arte? Seria mesmo uma mera coincidência?
Finalizo pedindo a Deus que não nos coloque no centro de fábulas da vida real recheadas de absurdos. E que Ele derrame as mais doces bênçãos celestiais sobre todos nós, personagens vivos que somos.
Marco Feliciano é pastor e está em seu quarto mandato consecutivo como deputado federal pelo Estado de São Paulo. Ele também é escritor, cantor e presidente da Assembleia de Deus Ministério Catedral do Avivamento.
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