“[Um] exame pericial comprovou que um dos projéteis que atingiram a vítima e que foi retirado de seu corpo foi efetuado pela arma de fogo da Polícia Militar do Estado de São Paulo […] uma pistola Taurus, calibre .40”, consta em material do MPSP.
Ainda de acordo com o documento produzido pelo Ministério Público, a “execução foi realizada por grupo criminoso armado”, mas, até o momento, “apenas um dos criminosos foi identificado, tratando-se de um policial militar”.
O agente em questão está sendo denunciado após dez anos do crime, pois, só agora, em 2022, a perícia realizada no projétil revelou que o disparo saiu da arma de fogo que estava sob poder dele.
Mais de dez anos após morte de MC Primo, perícia aponta que projétil foi disparado por arma que pertencia à PM — Foto: Reprodução
O documento aponta que, em julho de 2022 o laudo pericial que e examinou a arma de fogo apontou que a pistola poderia ter sido usada para realizar o disparo, mas a perícia referente aos vestígios produzidos pelo disparo foi prejudicada por conta do tempo.
Entretanto, o exame de confronto balístico realizado pelo Centro de Análises, Exames e Pesquisas (CEAP), em agosto deste ano, concluiu que ‘o projétil incriminado foi disparado pelo cano da pistola da Marca Taurus’, com o mesmo número de série da arma que estava em posse do denunciado.
O que diz a Polícia Militar
Procurada pela reportagem, a PM informou, em nota, que não cabe à corporação enviar um posicionamento sobre ações, peças ou outros desdobramentos dentro do inquérito que apura os fatos.
“Ademais, discorrer sobre o trabalho pericial – que não é de competência da PMESP, é discutir sobre atos judiciais que, por lei, tramitam em segredo de Justiça”, disse, em resposta.
A mãe da vítima, Maria Silene da Silva, de 61 anos, contou ao g1 que soube do pedido de prisão na última quarta-feira (1). Ela revelou surpresa com a situação, pois não acionou o advogado ou o MPSP. Agora, no entanto, ela diz ter esperança de que o autor dos disparos seja preso. “Eu sofro até hoje”, disse.
MC Primo (à esq) ao lado do pai, Cícero Lurdes de Almeida, e da mãe, Maria Silene Almeida — Foto: Arquivo pessoal
“Esse pedido é uma luz, uma luzinha no final do túnel. Eu vou pedir Justiça. A família toda está pedindo Justiça”, ressaltou ela. Ao g1, o TJSP informou que o processo tramita em segredo de Justiça e sob sigilo externo, mas afirmou que a denúncia será apreciada por um magistrado.
Dez anos se passaram e eu calei a minha boca, mas agora estou com sede de Justiça
— Maria Silene da Silva, mãe de MC Primo
Ainda de acordo com Maria Silene, mesmo passados 10 anos do assassinato do filho, ela não teve respostas sobre qual teria sido a motivação. “Ele não mexia com ninguém. Até hoje, eu tento descobrir o que aconteceu. Logo na semana do acontecido [da morte], os policiais da corregedoria [que apuram irregularidades administrativas] estiveram aqui e não encontraram os motivos”.
MC Primo foi abordado por criminosos em uma motocicleta e em um carro branco quando chegava em casa, no bairro Jóquei Clube, em São Vicente. Antes de um homem encapuzado, segundo a investigação, ter efetuado os 11 disparos contra a vítima, ela pediu para que a mulher e os dois filhos entrassem rapidamente em casa.
À época, o Instituto Médico Legal (IML) informou que o corpo do funkeiro tinha quatro perfurações no tórax, duas na coxa direita, uma no ombro, três nas costas e um no punho esquerdo.
Jadielson da Silva Almeida, o MC Primo, foi morto de 2012, com 28 anos — Foto: Reprodução
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