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Presidente de ONG que representa refugiados haitianos no Brasil é acusado de golpe de quase R$ 1 milhão

today12 de agosto de 2022 49

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O presidente da Organização dos Haitianos que Vivem no Brasil (OHVB), Cherubin Martineau, é acusado de dar um golpe de quase R$ 1 milhão. Segundo a denúncia feita por dois haitianos que moram em São Paulo, a ONG, que tem sede em Santos, no litoral de São Paulo, recebeu aproximadamente R$ 730 mil para fazer o fretamento de três voos comerciais que trariam 300 refugiados haitianos ao Brasil. As viagens não foram feitas e o dinheiro jamais foi devolvido. O responsável pela OHVB nega as denúncias. (leia a resposta ao final)

Um dos denunciantes é o empresário Carilton Charles, de 35 anos, dono de uma empresa de viagens em São Paulo. Ele, que é haitiano e está há oito anos no Brasil, afirma que tentou comprar as passagens com a companhia aérea Azul, mas não conseguiu por causa da redução de voos durante a pandemia. Charles, então, pediu ajuda à Martineau, em outubro do ano passado, porque conhecia o trabalho da ONG pela imprensa.

Ele disse havia conseguido fazer o fretamento pela Azul para 30 de outubro de 2021, mas para concretizar a operação eu teria que fazer a transferência bancária dos valores para pagamento do voo na conta da ONG. Eu peguei o dinheiro com meus clientes e fiz”, diz Charles.

Segundo Charles, os R$ 730 mil transferidos a OHVB corresponderiam a 100% do fretamento de um voo e mais 20% do total para reserva de outros dois aviões. Ele mostrou para a reportagem comprovantes de depósitos feitos na conta da ONG. Nem todos estão em nome dele.

Charles explicou que estava fazendo o negócio em conjunto com outras oito agências, que representavam outros refugiados e, por isso, fez a transferência de R$ 505 mil e o restante foi transferido em várias quantias menores por outras pessoas a pedido dele.



Mas ele [Martineau] desapareceu com os valores, parou de responder as mensagens e ligações”, diz Charles, que entrou em contato com a Azul e foi informado que a empresa suspendeu as operações no Haiti e que o presidente da ONG apenas encaminhou um e-mail pedindo informações. Charles garante que está recebendo ameaças dos clientes que pagaram pela viagem e agora querem o dinheiro de volta.

Outro denunciante é o haitiano Joanel Gelien, de 30 anos, também dono de uma das agências de São Paulo que repassaram valores à ONG. Ele fez o depósito de R$ 60 mil. “Martineau acabou com o sonho das pessoas, estamos sendo ameaçados”.

Os voos seriam principalmente para haitianos saíram do Brasil e tentaram entrar nos Estados Unidos, mas acabaram deportados para o seu país de origem. Alguns têm filhos nascidos no país e família morando aqui.

Advogado de defesa dos refugiados, Fábio Rodrigues da Silva, enviou ofícios à Polícia Federal solicitando a abertura de inquérito policial — Foto: Matheus Tagé/A Tribuna Jornal

O advogado Fábio Rodrigues da Silva, que representa Charles, enviou ofício à Polícia Federal (PF) solicitando a abertura de inquérito. Os fatos também foram registrados em boletim de ocorrência na Polícia Civil. Além disso, o advogado entrou com uma ação na Justiça pedindo a devolução dos valores pagos e o bloqueio dos bens de Martineau e da OHVB.

Para Silva, houve crimes de estelionato e organização criminosa, por envolver a OHVB. “Uma ONG precisa prestar contas para o município, Estado e Federação”.

“Como ela [ONG] recebe quase R$ 800 mil para trazer refugiados ao Brasil e simplesmente não faz isso? Como são refugiados, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) precisam agir”, diz o advogado.

Presidente de ONG nega golpe

O presidente da OHVB, Cherubin Martineau, de 36 anos, negou ter dado um golpe. Ele confirma que recebeu os valores, mas afirma não ter ficado com o dinheiro. O presidente da ONG diz que fechou contrato com uma companhia dos Estados Unidos, chamada Air Ayiti, e que repassou para a empresa toda a quantia para garantir os voos. A reportagem entrou em contato com a Air Ayiti pelo e-mail divulgado no site, mas não teve retorno.

Martineau afirmou que fez isso porque não havia mais voos da companhia Azul saindo do Haiti. Ele acrescentou que as passagens estão compradas com a Air Ayiti e as viagens só não foram feitas por problemas nos documentos apresentados pelos passageiros para análise antes do embarque.

“Mandaram os documentos e, dez minutos depois, me ligaram falando para não passar mais para a empresa aérea porque alguns eram falsos, como vistos. Eu falei que não queria envolver a ONG em nada errado, que precisava conversar para ver o que estava acontecendo. Mas, como recusei o primeiro voo, eles quiseram o dinheiro de volta”, afirmou o presidente da ONG.

Martineau garantiu que ainda é possível fazer os voos e só aguarda os documentos corretos para cumprir o combinado. Sobre a devolução do dinheiro, o presidente da OHVB afirma que não pode fazer isso imediatamente, porque “já está contratado”. “Precisa ver com a companhia, não posso te responder agora”.

Ele diz que pretende conversar com cada pessoa que tem comprovante de transferência para a conta da ONG. “Não estão todos no nome da empresa do Charles. Então não adianta resolver com ele e depois aparecer mais gente me cobrando”.

Sobre o processo que corre na Justiça contra ele, a OHVB e os registros feitos nas polícias Civil e Federal, o presidente da ONG afirma que não tem conhecimento.

O Haiti é um país caribenho que fica na ilha de Hispaniola, na América Central. Tem 11,4 milhões de habitantes e passa por grave crise humanitária, de caráter político, social e econômico. A situação se agravou em 2010, com um terremoto de proporções catastróficas, que matou aproximadamente 300 mil pessoas e deixou um rastro de destruição. É o país mais pobre das Américas.

Por esse motivo, muitos moradores buscam refúgio em outros países para melhores condições de vida. O Brasil concede visto humanitário, com autorização para residência dos haitianos. A medida foi renovada em abril deste ano pelo Governo Federal e vale até o final de 2022.

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