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Quatro em cada cinco entrevistados (86%) dizem que o ataque surpresa é resultado do fracasso da liderança do país. Para 56%, o premiê deve renunciar após o fim da guerra em Gaza.
O curioso dessa pesquisa é que entre os que culpam Netanyahu pelo maior massacre de judeus desde o Holocausto, 79% são apoiadores de sua coligação de extrema direita. Ou seja, demonstra que o primeiro-ministro mais longevo de Israel está em apuros com a sua própria base de eleitores.
A extensa maioria (94%) dos ouvidos pelo Dialogue Center acredita que o governo deve assumir alguma responsabilidade pelo despreparo em assegurar a segurança de seus cidadãos.
O trauma coletivo que o país enfrenta desde sábado é alimentado por relatos de sobreviventes e dos que têm parentes e amigos de mortos, feridos ou reféns levados para Gaza, vítimas da ação de 1.500 terroristas que se infiltraram no Sul de Israel.
Netanyahu e seu Gabinete estão diante não apenas do colapso de sua política em relação aos palestinos. O ataque perpetrado pelo Hamas fez ruir na população a sensação de segurança que o primeiro-ministro ostentava com orgulho cada uma das vezes que enfrentava seus adversários nas urnas.
Casal segura bandeiras de Israel e dos Estados Unidos na cidade de Tel Aviv em 20 de setembro de 2023 — Foto: Shir Torem/REUTERS
Nesta última semana, os apelos para que ele renuncie já, mesmo em tempos de guerra, vêm de frentes diversas e refletem o resultado demonstrado pela pesquisa divulgada pelo jornal israelense.
Ex-ministro da Defesa e ex-chefe do Estado Maior em governos de Netanyahu, Moshe Yaalon exigiu que o premiê pague o preço de seu fracasso e deixe o cargo. “Não há confiança nele. Cada hora em que ele permanece no comando é um prejuízo para o país”, atestou.
Num duro artigo publicado no jornal “Haaretz”, o colunista Nehemia Shtrasler defendeu a remoção imediata de Netanyahu e advertiu sobre a fraqueza da oposição ao aceitar uma função num governo de emergência.
“Eles não deveriam estar falando sobre falsa unidade; eles não deveriam fornecer uma tábua de salvação para um bandido.”
À medida que surgem mais e mais evidências sobre as falhas de segurança que permitiram o ataque do Hamas, Netanyahu se enfraquece diante da população. O deslocamento das forças de segurança de Gaza para a Cisjordânia, os informes de serviços de inteligência que não foram levados a sério e as brechas abertas no muro que o governo assegurava ser inviolável minaram a confiança do público no governo.
G1 Explica: o conflito violento entre Israel e Palestina que dura mais de 70 anos
O escritor David Grossman resume como traição do governo o sentimento que impera no país.
“Vimos o abandono deste Estado em favor de interesses mesquinhos, de uma política cínica, tacanha e delirante”, resumiu, em alusão ao primeiro-ministro, que já estava desgastado politicamente por nove meses de protestos populares contra a sua malfadada reforma judicial.
Pacifista, o romancista Grossman perdeu o filho Uri, que estava no tanque atingido por um míssil, em 2006, no Sul do Líbano. Ele aposta que o país que emergirá depois da guerra de uma guerra que lhe foi imposta estará mais à direita, agressivo e racista. Ao longo de seus 16 anos no poder, o premiê tem boa parcela de culpa na construção dessa identidade.
Por: G1
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