As praias de Santos passaram mais da metade do ano passado impróprias para o banho, de acordo com um levantamento realizado pelo g1, com base nos dados publicados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que faz análises semanais da água. Das 364 amostras coletadas em sete praias, 246 foram consideradas inadequadas, o que representa 67,5% do total avaliado.
De acordo com a Cetesb, a praia é considerada imprópria quando as amostras coletadas apresentam mais de 100 unidades formadoras de colônias (UFC) de enterococos [bactérias fecais] por 100 ml.
Das 52 semanas analisadas, 47 delas estiveram comprometidas com ao menos um trecho de praia contaminada. Em 21 semanas, nenhum dos sete trechos analisados foi considerado próprio para o banho. Só em cinco ocasiões todas as amostras coletadas foram aprovadas.
As praias do Boqueirão e Gonzaga, que estão entre as mais frequentadas da cidade, foram as que apresentaram maior índice negativo nas análises. (Confira a lista abaixo)
Trechos de coleta de água em Santos
Praias de Santos |
Próprias (semanas) |
Impróprias (semanas) |
% |
Ponta da Praia |
20 |
32 |
61,5% |
Aparecida |
24 |
28 |
53,8% |
Embaré |
16 |
36 |
69,2% |
Boqueirão |
10 |
42 |
80,7% |
Gonzaga |
12 |
40 |
76,9% |
José Menino (R. O. Bilac) |
17 |
35 |
67,3% |
José Menino (R. F. Ozanan) |
19 |
33 |
63,4% |
São sete os trechos de praias analisados na cidade e ficam nos seguintes bairros: Ponta da Praia, Aparecida, Embaré, Boqueirão, Gonzaga, José Menino (Bilac) e José Menino (Ozanan).
Em evento realizado no Grupo Tribuna, o presidente da Sabesp André Salcedo ressaltou que a qualidade da água na cidade é prejudicada pelo esgoto.
“Os canais são conectados aos elevatórios, e o sistema funciona bem quando não chove muito. Se chove demais, toda a água da cidade escorre para os canais, levando a poluição das ruas para o canal. As comportas não aguentam e há extravasamento. Então, imagino que (a não balneabilidade) esteja associada aos momentos de chuva”, disse.
Salcedo disse ser possível reverter a situação com sistemas de coletores absolutos e separação de água, mas ressaltou que seriam necessárias reformas muito grandes e de investimento proporcional.
Ainda durante o evento, o secretário de Meio Ambiente de Santos Marcos Libório levantou outro problema: as ligações clandestinas.
“Há uma necessidade de gestão. Tenho insistido com a Sabesp com relação à qualidade das águas dos canais. Existe um projeto de análise e monitoramento. Temos sim, ligações clandestinas, que acabam sendo levadas até o canal”, apontou.
A Cetesb aponta que a água quando imprópria pode aumentar o risco de contaminação e doenças como: Hepatite A, cólera, febre tifóide, entre outras, sendo a mais comum a gastroenterite, que pode causar enjôo, vômitos, dores de estômago, diarréia, dor de cabeça, febre, infecções dos olhos, ouvidos, nariz e garganta.
“O fato da praia estar imprópria não significa que todas as pessoas que se banharem no local irão contrair alguma dessas doenças. Isso depende das condições imunológicas de cada um e do tipo de exposição de cada um – se fica muito tempo na água, se mergulha a cabeça, se engole água”, explica a companhia.
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