O homem, de 31 anos, suspeito de degolar [fazer um corte no pescoço, de um lado ao outro] a mãe, de 61, foi morto pela Polícia Militar em Santos, no litoral de São Paulo. A PM recebeu uma denúncia sobre a localização de Caio Augusto e o encontrou com dois homens não identificados. Segundo o Boletim de Ocorrência, ele atacou um dos rapazes e acabou baleado por um agente.
Ao g1, a tatuadora Nathali dos Santos Blanco, de 25 anos, revelou nunca ter visto Caio antes de ser perseguida por ele, fato que, segundo ela, começou há quase um ano. A profissional explicou também que o bilhete foi entregue por ele a uma amiga dela, também vítima de assédios por parte do homem.
“Me senti desesperada”, desabafou Nathali. “Eu nem sabia quem ele era, mas já andava na rua com medo. Quando soube que ele matou a mãe [é considerado suspeito], foi pior ainda”.
Idosa de 61 anos foi encontrada morta e com sinais de violência dentro de apartamento, no bairro Embaré, em Santos (SP) — Foto: Reprodução
A tatuadora disse que Caio a perseguia com a mãe dele. A situação, segundo ela, começou após os dois terem tido acesso ao número profissional dela pela internet. Os diálogos, ainda de acordo com a profissional, giravam em torno de pedidos de orçamento para tatuagens ao homem, que nunca chegaram a ser feitas.
“Ela me ligava umas 2h da manhã querendo fazer orçamentos de tatuagens para o ‘bebê’ dela, mas eu respondia que, antes disso, precisava falar com ele para entender o que queria. Nisso, ela tentava marcar encontros [entre os três], mas eu dizia que não era assim”, explicou.
Nathali relatou que, durante quase um ano de perseguição, chegou a bloquear o número da mulher, mas Caio começou a chamá-la por meio do Instagram e até apareceu na porta do estúdio de tatuagens onde ela trabalhava.
‘Último pedido, uma filha’
Por fim, a tatuadora contou que a carta foi entregue por Caio à amiga dela pouco antes da morte dele. O objetivo era que o bilhete fosse lido por Nathali. No escrito, o homem disse estar “morrendo” e que, como último pedido, desejava ter uma filha com ela.
“Leia a esta carta com a Nat. Me perdoa!
Minha filha, só queria isso, sempre quis! Te peço que me ajude, se eu podia ter sido uma pessoa melhor, foi arrancado de mim há muito tempo, e a minha família é conservadora ao ponto de ser chato (ou doentio, seria o termo mais adequado).
Um último desejo, uma filha, algo que não posso comprar, mas tô sem tempo de fazer de outro jeito, sua [da amiga da mulher] ou da Nat, ou sei lá”.
Suspeito de matar a mãe deixou carta para mulher que perseguia — Foto: Reprodução
“Então, titia Pri [amiga de Nathali].
Eu sei, meu pedido é uma droga, e eu já extrapolei a linha do assédio, mas tô desesperado mesmo, morrendo mesmo.
Não tenho para quem pedir isso, se eu tiver uma filha com a Nath (já que você não topa), o que mais quero são pessoas como você em volta dela [da suposta criança], educando, protegendo.
Já arrancaram muita coisa de mim. Desculpa, de novo. Só”.
Suspeito de matar a mãe deixou carta de ‘despedida’ para mulher que perseguia — Foto: Reprodução
A Polícia Militar foi acionada às 19h50 da última sexta-feira (15) para atendimento do incêndio. Após o controle das chamas e vistoria no imóvel, os policiais encontraram a vítima fatal. O porteiro informou que viu o filho da idosa saindo do prédio pouco antes do incêndio.
Apartamento em que idosa foi encontrada morta com sinais de violência ficou destruído pelo incêndio, no bairro Embaré, em Santos, SP — Foto: Polícia Civil/Divulgação e Reprodução
Segundo o Corpo de Bombeiros, assim que o corpo foi localizado, a Polícia Civil foi acionada para perícia no local. Ao todo, três viaturas e nove bombeiros atuaram na ocorrência.
Mulher foi encontrada carbonizada dentro de apartamento onde mora, no bairro Embaré, em Santos (SP) — Foto: Reprodução
De acordo com o BO, policiais entraram em contato com a irmã da vítima e ela informou que o sobrinho estava lá. Segundo o relato da mulher o suspeito havia chegado calmo e pedido para dormir na casa dela, pois teria brigado com a mãe.
Em seguida, a irmã da vítima foi informada que a ligação era da delegacia, momento em que o suspeito saiu correndo da casa da tia. No local, a polícia apreendeu uma bolsa com uma faca, bermuda, camisa, escova dental e isqueiro.
O caso foi registrado como incêndio e feminicídio na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos e investigado pelo 3° Distrito Policial (DP).
Mulher foi encontrada morta dentro de apartamento que pegou fogo na noite de sexta-feira (16), no bairro Embaré, em Santos (SP) — Foto: Marcela Pierotti/g1
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