Um churrasco organizado em Itanhaém, no litoral de São Paulo, terminou de forma desastrosa para 16 participantes. Isso aconteceu após todos, inclusive quem não comeu, começarem a vomitar após notarem que a peça de carne estava infestada por larvas. O ‘vômito coletivo’ acabou com a festa da auxiliar de enfermagem Kelly Tofteraa, de 36 anos, e viralizou nas redes sociais.
Um vídeo obtido pelo g1 mostra a revolta dos familiares. Kelly, que mora na Noruega, organizou o evento após alugar uma casa para reunir pessoas que não via há muito tempo. A carne com as larvas foi assada e algumas pessoas chegaram a saboreá-la, mas o problema foi notado pela irmã dela que, a princípio, achou que eram ‘bichinhos da salada’.
Com a ‘surpresa’, todos os 16 participantes do churrasco, mesmo os que não haviam consumido o produto, vomitaram. “Todo mundo saiu correndo, enfiando o dedo na goela. Todos vomitaram. Foi um horror”. A filha dela e duas sobrinhas tiveram problemas mais graves, como diarreia. “Foi uma vergonha. Chamo a minha família para comer carne e acontece uma coisa dessas”, lamenta.
O g1 conversou, nesta terça-feira (12), com uma especialista para entender por qual razão as pessoas, mesmo as que, segundo Kelly, não comeram a carne infestada por larvas, começaram a passar mal imediatamente após serem notificadas de que o produto estava contaminado. A razão, segundo ela, é muito mais psicológica, causada por nojo, do que, de fato, física.
“Essa história de Itanhaém é bem diferente. Me parece que houve um surto coletivo. Em casos como esse, a gente entende como sugestionabilidade, que é uma questão psicológica que possibilita alguém de ter um comando, uma experiência, a partir de um direcionamento. Eles tiveram a questão da carne em si e, com isso, um movimento de ansiedade que pode levar a pessoa a ter um sintoma”, explica Fernanda Cerri, psicóloga especialista em psicologia organizacional e gestão de pessoas.
De acordo com ela, esse sintoma pode ter se manifestado de forma somatizada e com o consequente vômito, mesmo de quem não comeu a carne. “As pessoas foram influenciadas umas pelas outras. Todos com o mesmo comportamento de se livrar daquele alimento que estava no corpo e tiveram a mesma reação. Casos de surto coletivo acontecem de forma familiar. Ali, foi a influência da família, todos convivendo juntos e um grupo pequeno de pessoas. Pode acabar acontecendo. As crianças são mais sugestionáveis ainda”, diz.
Ainda segundo Cerri, a questão fisiológica pode ter influenciado em alguns casos. “Como algumas pessoas não comeram, a questão emocional contribui para que as sensações mais fortes se apresentem. A gente teve o caso dos alunos que foram socorridos com crise de ansiedade em uma escola estadual no Recife. É o que pode ter acontecido em Itanhaém. São situações que a gente percebe que acometem um certo grupo de pessoas”, finaliza.
Auxiliar de enfermagem encontrou larva em carne comprada no Mercado Extra em Itanhaém, SP — Foto: Kelly Beck Tofteraa
O que dizem os responsáveis?
Em nota, o Mercado Extra informou ter trocado o produto imediatamente, e que o item estava dentro da validade. A empresa disse, ainda, que, por ser uma peça de carne embalada à vácuo, não realiza nenhum tipo de manipulação do produto em suas dependências.
A JBS disse que a Friboi enviou um técnico para verificar as condições do mercado e na casa da consumidora. Segundo a empresa, o caso está sendo analisado pelos setores responsáveis e uma resposta técnica será enviada nos próximos dias.
Auxiliar de enfermagem disse que todos vomitaram ao notar que a carne estava com larva em Itanhaém, SP — Foto: Kelly Beck Tofteraa
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