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Um ano se passou desde que Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia, certo de que a campanha no país vizinho seria breve e lhe traria uma rápida vitória. O prognóstico fracassou, e a guerra se arrasta, muito distante do fim. Os países não aceitam outro resultado que não seja a vitória e não estão prontos para negociar. Ao contrário, preparam-se para uma nova etapa, ainda mais desgastante, do confronto militar.
Tudo indica que Putin empreenderá uma estratégia inversa – a de persistir em uma guerra longa contra o país vizinho, para não ter que enfrentar a humilhação de uma derrota. Numa previsão considerada otimista, o presidente Volodymyr Zelensky disse ter esperanças de que a guerra termine até o fim deste ano.
A semana do primeiro aniversário da guerra foi marcada pelo forte simbolismo dos discursos épicos dos presidentes dos EUA e da Rússia, com a sinalização de ambos, de que o conflito vai longe. “É impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”, bradou Putin. “A Ucrânia nunca será uma vitória para a Rússia”, devolveu Biden.
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Nos últimos 12 meses, o Kremlin foi obrigado a retroceder em sua ambição inicial de derrubar o governo ucraniano e instalar uma marionete em Kiev. Enfrentou, com severas baixas, a resistência corajosa do país atacado. Zelensky adotou o uniforme verde oliva e mobilizou o Ocidente, com discursos proferidos por vídeos a dezenas de países. Implorou por ajuda, angariou a solidariedade da opinião pública.
A guerra brutal de Putin uniu a Otan e amalgamou o senso de identidade e a confiança dos ucranianos. É claro que sem a vultosa assistência militar dos EUA e aliados, a Ucrânia teria capitulado. A guerra também foi desastrosa para o país e para o mundo. Criou um fluxo de 14 milhões de refugiados, desestabilizou os mercados de energia, fomentou a inflação e interrompeu o abastecimento de alimentos.
As sanções aplicadas à Rússia e o seu isolamento não tiveram o efeito drástico esperado. O apoio da China atenuou os reflexos da expulsão do país invasor do sistema financeiro global e será essencial para medir a resistência de Putin neste segundo ano. O comércio entre Moscou e Pequim cresceu 30% em 2022.
Desafiador, Putin justificou para o público russo a sua versão alternativa da realidade para a guerra: “Foram eles que começaram e estamos usando a força para acabar com isso”, resumiu o líder autocrata no último discurso.
A carta nuclear permanece tão ativa e ameaçadora quanto no início do conflito, agora com o anúncio da suspensão do acordo New Start, firmado em 2010 com os EUA. Enquanto o palco de batalhas se concentra atualmente no centro e no sul do país, mais especificamente em Bakhmut e Vuhledar, a nova etapa da guerra se antevê extensa e com prazo dilatado para além do segundo aniversário.
Como e quando ela terminará? Somente quando os custos se revelarem verdadeiramente altos e insuportáveis, para que um dos campos aceite a negociação de uma paz, ao menos temporária.
Por: G1
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