Uma das cláusulas divulgadas pelo governo israelense estabelece que “a libertação de cada dez reféns adicionais resultará num dia adicional de pausa”. Deixa em aberto, portanto, o tempo que duraria a suspensão das operações no território palestino.
Esta possibilidade acalma, em parte, as famílias dos sequestrados, que pressionam intensamente o governo pela libertação de todo o grupo de 240 retidos em Gaza. Como bem resumiu o colunista David Ignatius, do “Washington Post”, o princípio do acordo é a fórmula “mais por mais”, utilizada nas negociações sobre controle de armas: se o Hamas entregar mais reféns, Israel está disposto a prolongar a pausa.
O jornal “Jerusalém Post” antecipou que o número de libertados nessa primeira fase poderia chegar a 80, calcado no mesmo princípio – o de encorajar novas libertações.
A pausa inicial de quatro dias nos combates começaria amanhã, às 10h (5h em Brasília). A logística é complexa. Israel publicou nesta quarta-feira (22) uma relação de 300 prisioneiros palestinos — mulheres e jovens, que não tenham cometido homicídios. A maioria é formada de adolescentes presos em confrontos na Cisjordânia.
O Tribunal Superior de Justiça avaliará, ainda nesta quarta, qualquer petição contrária à libertação dos presos. Da lista inicial, cabe ao governo selecionar os 150 presos. Os reféns serão soltos em grupos, a cada dia. Israel cedeu à exigência feita pelo chefe do Hamas, Yahya Sinwar, de interromper os voos de drones durante a libertação, por um período de seis horas por dias, para que seus combatentes não sejam monitorados pelos serviços de inteligência.
Nas negociações intermediadas pelo Catar, o grupo palestino alegou não conhecer a localização de todos os reféns, já que parte deles estaria em poder da Jihad Islâmicas e de facções menores ou mesmo, detidos em casas de famílias. O argumento, contudo, não convenceu especialistas de inteligência, que partem da premissa de que o Hamas exerce o controle total sobre o que ocorre na Faixa de Gaza.
O acordo com o grupo palestino conta com a bênção das Forças de Defesa Israelenses, do Mossad e do Shin Bet — as principais agências de inteligência do país —, mas provocou cisão na ala-dura que sustenta o premiê Benjamin Netanyahu.
Seus aliados de extrema direita, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que chamou o acordo de imoral, clamam que a pausa nos combates mostra a fraqueza do governo e dará ao Hamas capacidade de se reorganizar. O fato é que, embora Netanyahu repita que Israel está e continuará em guerra, o premiê acabou cedendo ao que disse que jamais cederia.
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Por: G1
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