Dois estudantes da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Praia Grande, no litoral de São Paulo, estudaram a morte de mais de meio bilhão de abelhas entre o fim de 2018 e o começo de 2019, no Brasil, em decorrência do uso do inseticida Fipronil. O artigo científico dos estudantes ganhou destaque na divisão editorial da Universidade de Cambridge.
Intitulado “O uso incorreto do inseticida fipronil e sua influência na morte das abelhas no sul do Brasil”, o artigo foi assinado pela professora Janara de Camargo Matos e idealizado pelos alunos do curso de Processos Químicos Renan do Carmo Marinho da Silva e Priscila Aparecida Della Torre.
Abelha arapuá operárias em flor não identificada — Foto: Cristiano Menezes/Embrapa
Segundo Janara, as abelhas são seres vivos de elevada importância para a manutenção do ecossistema em que os seres humanos estão inseridos. Em julho deste ano, o número de abelhas mortas pela pulverização do inseticida ultrapassou os 200 milhões em todo o Brasil. “Isso mostra que nada foi feito até agora”, diz a professora.
De acordo com uma pesquisa realizada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), uma das fontes utilizadas no estudo dos jovens, o fipronil geralmente é aplicado no país por meio da pulverização aérea, algo que contraria até as instruções da bula, que prescreve a aplicação direta no solo.
Ao fazer a pulverização aérea com o inseticida, parte do produto não atinge o cultivo alvo e se dispersa no ar, causando o “efeito deriva”, atingindo fauna e flora local. Ainda conforme o estudo, não há um uso 100% seguro dos defensivos agrícolas para as abelhas, mas a aplicação correta é primordial para reduzir as mortes.
Para Priscila Della Torre, o principal problema é a escassez de órgãos que fiscalizem a área de maneira efetiva no brasil, realizando visitas e dando a devida orientação sobre os impactos causados pelo uso do inseticida, principalmente quando a aplicação não é feita da forma correta.
Se adaptando aos desafios, os estudantes buscaram entender o problema e trazer soluções para o caso, fazendo a substituição de inseticidas por processos menos agressivos, como o uso de extratos vegetais, micro e macro-organismos que atuem de forma mais seletiva para combater apenas a praga alvo.
Artigo científico de ex-alunos da Fatec Praia Grande, SP, é citado em revista da Universidade de Cambridge, no Reino Unido — Foto: Divulgação
A citação do trabalho foi feita pela revista de pesquisa científica ambiental, ‘Bulletin of Entomological Research‘, mas o material original foi publicado após o término do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em 2021, no 13° volume da revista universitária anual Processando o Saber.
Artigo científico de ex-alunos da Fatec Praia Grande, SP, é citado em revista da Universidade de Cambridge, no Reino Unido — Foto: Divulgação
Comercializado desde 1994 em todo o mundo e banido da União Europeia devido aos problemas ambientais causados, o fipronil é um composto químico usado como inseticida que danifica o sistema nervoso dos insetos para causar uma hiperexcitação nos músculos e levá-los a morte.
No caso das poucas abelhas que entram em contato com doses menores, estas voltam para a colônia e acabam por contaminar as restantes. Ao produzir mel com pólen contaminado, toda a colônia é afetada e o tempo de vida diminuí.
Artigo científico de ex-alunos da Fatec Praia Grande, SP, é citado em revista da Universidade de Cambridge, no Reino Unido — Foto: Reprodução
A Cambridge University Press é a editora universitária mais antiga e conceituada do tipo, com o primeiro material publicado em 1584. Livros e revistas com o selo da instituição são de referência mundial e cultural.
Entre os autores contemplados com a oportunidade, estão 60 vencedores do prêmio Nobel e nomes históricos como Isaac Newton, Albert Einstein, Margaret Atwood e Stephen Hawking.
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