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Desde a posse, o presidente ultraliberal Javier Milei instaurou fortes medidas de corte de gastos no país. O balanço para as finanças do setor público argentino foi positivo no primeiro mês completo: o superávit foi de cerca de US$ 589 milhões (R$ 2,93 bilhões no câmbio oficial). A cifra também contempla o pagamento de juros da dívida pública.
É o “primeiro superávit financeiro [mensal] desde agosto de 2012 e o primeiro superávit financeiro em um mês de janeiro desde 2011”, indicou o Ministério da Economia do país.
Zerar o déficit público é a principal meta da gestão de Milei. Para isso, o governo tem revisado subsídios e paralisado investimentos públicos no país. A ideia é recompor reservas internacionais para afastar a crise de confiança de investidores internacionais e reequilibrar o câmbio.
Além disso, a Argentina mantém um acordo de empréstimo de US$ 44 bilhões (aproximadamente R$ 219 bilhões) com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê a reorganização da economia.
A pobreza alcança 45% da população, segundo dados oficiais. Um estudo, inicialmente publicado pelo jornal Ámbito Financiero, projeta números ainda maiores: 57,4% dos argentinos vivendo abaixo da linha de pobreza, mais de 26 milhões de pessoas.
Milei sofre grande derrota ao não conseguir aprovar mudanças legislativas na Argentina
O ministro da Economia argentino, Luis Caputo, comentou o resultado em um post na rede social X (antigo Twitter). “Déficit zero não se negocia”, disse.
“Vaaaamooos Toto!”, respondeu Milei pela mesma rede social em referência a Caputo, para em seguida acrescentar seu lema de campanha, que também se transformou em slogan de seu governo: “Viva a liberdade, carajo!”
Com os números de inflação em alta e pobreza aumentando, a gestão aposta em uma piora de indicadores nos próximos três meses.
“Será como uma espécie de ‘V’, um primeiro momento de queda, com o período mais difícil em torno de março e abril, que é quando chegará ao fundo e, a partir daí, começará a se recuperar. E quando se abrir o ‘cepo’ [restrições ao acesso a dólares que se mantém desde 2019], a economia vai disparar”, estimou Milei.
Também na sexta-feira (16), o presidente recusou a possibilidade de estabelecer um novo salário mínimo que compense a inflação anual de 250%. A CGT, principal central sindical argentina, de orientação opositora, solicitou no Conselho do Salário Mínimo um aumento de 85%.
“Não acredito que um político possa definir um preço à mão. Nem passa pela minha cabeça. Eu vou emitir um decreto fixando um preço?”, disse Milei, após o fracasso do Conselho em aumentar o valor atual de 156 mil pesos (R$ 928, no câmbio oficial atual).
Milei afirma que o salário mínimo é “uma questão que deve ser abordada por trabalhadores e empregadores”, sem intervenção do Estado.
* Com informações da agência France Presse
Por: G1
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