O ator santista Alexandre Borges, de 57 anos, coleciona personagens marcantes na teledramaturgia brasileira, com destaque para as 26 participações em novelas e minisséries, afora os 35 trabalhos no cinema. Mas, apesar do extenso currículo e do sucesso, ele garante não esquecer das origens, do que o motivou a trilhar a carreira e nem dos primeiros passos do pequeno Alexandre que, quando garoto, ainda na escola, queria interpretar Dom Pedro II e acabou com o papel de dragão.
Mas antes de subir a serra e chegar a São Paulo, ele lembrou da juventude na cidade natal, onde diz ter brincado muito na rua, na praia, jogado futebol com gol caixote e empinado pipa. Ele contou ainda sobre os primeiros trabalhos como corretor de imóveis e vendedor de sanduíche natural e salada de frutas nas areias de Guarujá. “Foi uma infância muito feliz, graças a Deus”.
Foi vendendo lanche na Praia de Pernambuco, inclusive, que se apaixonou por uma freguesa que morava na capital. Com saudade, resolveu ir atrás dela e aproveitou para fazer um teste no Centro de Pesquisa Teatral do Sesc. Ele passou e migrou de vez para São Paulo para trabalhar com arte – foi quando a vida mudou.
“Se eu posso dizer de uma memória emotiva foi num Dia das Mães. Eu nunca me esqueço disso, que falei: ‘Mãe, tô indo para São Paulo. Passei nuns testes lá e, agora, vou ficar trabalhando por lá’. O momento, de ir à rodoviária e subir a serra, é o que me move até hoje, pelas dificuldades, criticas boas, negativas, pelos cansaços. Foi que me moveu, o passo mais importante da minha carreira”.
Família de artistas e emoção
Com os pais inseridos no mundo artístico, Alexandre Borges contou que o “bichinho da arte” sempre esteve muito presente. “Desde criança [me encanta] o mundo da fantasia, da criação, do personagem, do gosto por uma roupa diferente, por falar coisas que não são minhas, textos que vêm de outro mundo”, disse ele, que já sabia qual profissão gostaria de seguir.
Alexandre é filho do ator e diretor Tanah Corrêa, com quem desde os 9 anos viajava para festivais, e da bailarina Rosa Linda Maria Borges, que tinha Alzheimer e morreu em 2021 em decorrência de um AVC. Ao falar da mãe, o ator se emocionou e lembrou ter se dedicado a ela até o último dia – é possível acompanhar essa história nos 30 minutos finais da conversa.
Nesse trecho, Alexandre ressaltou a importância de se fazer presente na vida dos pais, e fez um convite aos ouvintes que possam, por alguma razão, estar brigados com os familiares. Ele sugere uma trégua para curtir momentos enquanto há tempo.
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O ator Alexandre Borges conversou com os jornalistas Gustavo Zanarolli (de preto, à esq), Matheus Müller (à esq) e Luiz Linna — Foto: Marcelo Junqueira/g1 Santos
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