Os economistas e educadores Adalto Corrêa e Denis Castro, convidados do Baixada em Pauta, falaram sobre a região, mas ressaltaram que não há como analisar a Baixada Santista sem discutir o Brasil, que, na visão de ambos, precisa das reformas tributária e política para avançar.
“Temos uma estrutura tributária que não incentivou a industrialização. Então, olha a situação da indústria no Brasil. […] o que nós mais queremos com a reforma, pelo menos é o que eu desejo, é que a reforma tributária nos traga o fim da negociação de balcão de incentivo tributário, de [empresa] não pagar imposto. O imposto precisa ser pago”, disse Adalto.
Sobre essa questão da isenção de impostos a empresas, o economista cita que se criou um “manicômio tributário” e explicou: “Os estados fizeram guerra fiscal. Quem não lembra da Ford na Bahia? Da disputa nacional que teve para saber para onde [a montadora] iria [a depender] de quem oferece pagar menos. Se gerou uma briga entre os estados com deterioração da arrecadação”.
Imagem aérea do polo industrial de Cubatão, SP — Foto: Arquivo A Tribuna
Adalto citou que é preciso agir rápido se quisermos mudanças para daqui 20 anos. E isso, segundo o economista, tem relação direta com a educação das pessoas, com a formação e, consequentemente, instrução sobre o que precisarão fazer para garantir um futuro tranquilo.
Para ambos os economistas, a indústria é um dos pilares para o desenvolvimento, mas está sucateada. Situação que, para ser revertida, vai demandar investimento, tempo e ação para que as mudanças aconteçam. “O Brasil passou por um processo de desindustrialização estruturante. Hoje, os produtos que nós consumimos não são brasileiros, ressaltou Adalto.
A Baixada Santista, assim como o Brasil, tem muitas riquezas, porém, de acordo com os economistas, sofre com o reflexo da falta de investimento e com políticas, segundo eles, ultrapassadas. Por isso, destacam reforçam: as reformas são necessárias para atrair investidores e melhorar, por exemplo, a relação salário/tributos e arrecadações.
Por mais que vejam a vocação nos serviços e turismo pelas praias e riquezas naturais, ressaltam que tal mercado poderia ser melhor explorado. E Mais: das empresas que atuam no Polo Industrial de Cubatão (SP) citam que muitas dependem de investimentos para voltarem a ser produtivas e competitivas.
No momento, o Porto de Santos, o maior da América do Sul, continua como a principal porta de entrada e saída do país, por onde a economia passa.
Economista cita a importância do porto de Santos para o Brasil — Foto: Santos Port Authority/Divulgação
Todo esse ‘ecossistema’, segundo eles, funciona, mas poderia ser mais eficaz. Para Denis, as cidades devem criar outras formas de movimentar a economia, ações que não as mantenham reféns de turismo e indústria, por exemplo.
Nesse ponto, ele destaca a importância dos gestores da Região Metropolitana se posicionarem. De dividirem os papéis e se tornarem colaborativos.
“Há alguns anos, em parceria com o professor Sá Porto [de Economia, da Unifesp], a gente elaborou um plano dessa questão de industrialização, mas de trazer também investimento em economia criativa; economia do desenvolvimento de softwares, dando incentivos; de organização da região como rede, com uma cidade colaborando com a outra, se especializando em atividade complementar à outra”, disse Denis.
Para que isso aconteça, segundo o economista, é preciso que os governos incentivem, garantam subsídios, contribuam com a formação de mão de obra. “[É preciso] uma coordenação entre os governos estadual, municipal e federal, ou seja, [a organização de] tudo o que a gente vê uma bagunça na economia brasileira”, disse já indicando o desafio.
Os jornalistas Gustavo Zanarolli (de preto) e Matheus Müller (de verde) receberam no Baixada em Pauta os economistas Adalto Corrêa (ao fundo) e Denis Casto para um bate-papo — Foto: g1 Santos
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