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Beijo proibido na balada, namoro com muçulmano e vida profissional: brasileiras contam como é ser uma mulher ocidental no Catar

today27 de novembro de 2022 26

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A relação entre as amigas começou com a Anna, que foi a primeira a chegar no país para começar o seu negócio. Ela montou os quartos de hospedagens de turistas para a Copa, fez parcerias com empresas e contratou as outras três brasileiras para ajudá-la a atender mais de 270 pessoas.

Diretamente do Catar, elas gravaram para o g1 alguns momentos da rotina e da vida nesta primeira semana da Copa do Mundo de 2022, com direito balada, visita ao deserto e comida persa. Assista no vídeo acima.

Da esquerda para a direita: Nathalya, Monica, Anna e Sandra — Foto: Arquivo pessoal



Conheça, abaixo, um pouco da história de cada uma delas no Catar. Elas falam sobre:

  • a vida de uma brasileira no Catar;
  • relacionamentos afetivos com mulçumanos;
  • relações de trabalho;
  • baladas e festas;
  • arquitetura;
  • custo alto de vida.

Sandra, uma cozinheira apaixonada

Sandra Cordeiro é a cozinheira da turma. Ela chegou ao Catar há sete meses para trabalhar. Conheceu Anna e mudou de emprego. Especializada em servir comida brasileira, Sandra tem a expectativa de prolongar a sua estada no país e abrir o próprio negócio.

Com um sorriso largo, ela conta que está apaixonada. Pelo Catar e por um egípcio. O namorado é muçulmano conservador, e ela precisou se adaptar a algumas regras para seguir com o relacionamento. “A questão dos costumes… é, a cultura assusta um pouco no começo. A gente é acostumado a ter liberdade de sair como casal, por exemplo. Então essas coisas me pegaram bastante. Agora eu acostumei um pouco”, relata.

Sandra está neste relacionamento há cinco meses. Foram dois meses para darem o primeiro beijo, um selinho. Ela comenta que dificilmente o casal fica sozinho, estão sempre em lugares públicos, como restaurantes, cinemas, shoppings e passeios com familiares e terceiros. No terceiro encontro, Ahrmed, o namorado, pediu Sandra em namoro. Com dois meses de namoro, ele propôs casamento.

“Ele falou que a família dele não aceitaria se eu não virasse mulçumana. Então eu disse: ‘se eu tiver que mudar a minha vida, você pode mudar a sua um pouco pra minha primeiro, se você conseguir fazer isso, eu vou conseguir fazer também’”, lembra.

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A proposta deu certo. Sandra tem levado o namorado para curtir a noite com as amigas, para dançar e para viver um pouco “como um brasileiro”, como ela descreve. E, diz Sandra, apesar de os árabes cataris serem “bem mais fechados”, existe uma certa flexibilidade com estrangeiros e não mulçumanos, principalmente neste período de Copa.

Anna, uma empreendedora no mundo árabe

Há anos longe do Brasil, Anna Paula Oliva hoje mora entre Bordeaux, na França, e Doha, no Catar. Com o espírito empreendedor, ela diz que “segue” as Copas do Mundo. “Trabalho com hospedagem na França desde 2015. Eu gosto das Copas, essa vai ser a minha quarta. Vim para um evento de um casamento e conheci algumas pessoas do ramo de locação temporária. Então, me preparei por um ano e comecei a construir a minha empresa aqui, do zero”, explica.

Da esquerda para a direita: Monica, Sandra, Anna e Nathalya — Foto: Arquivo pessoal

Neste processo de preparação para a Copa do Mundo de 2022, Anna encontrou vários desafios. “É um país muito novo e que não tem muita experiência nisso, em acomodação. Eu também trabalho muito com homens, com muitos trabalhadores de construção. Eu estou sempre com uma vestimenta para poder manter uma tranquilidade.” Hoje, ao lado de outras mulheres brasileiras, Anna fala que tem “uma equipe amiga, que faz parte da minha família.”

“Tenho muito pouco contato com mulheres árabes. Trabalho com obras, indo ao banco, coisas da vida. As mulheres aqui nem todas trabalham, não é a maioria. A probabilidade de encontrar mulher é muito pouca.”

Um outro aspecto que chamou a atenção da empresária é que, no país que apenas os residentes nativos podem ter imóveis próprios, os proprietários começaram a pedir que seus inquilinos se retirassem das casas três meses antes do grande evento. “Uma coisa bem difícil de lidar. Eles querem ganhar dinheiro, como se o aluguel de um mês valesse para o ano, é uma perspectiva de querer ganhar dinheiro durante a Copa”, comenta.

Além disso, conta Anna, o governo do Catar deu férias coletivas durante o mês da Copa. “Para as pessoas que podem, eles pediram para ir embora do país, a de mão de obra mais simples, por exemplo. Alguns estão morando dentro da casa dos amigos.”

Mônica desbrava o Catar (dentro das regras)

A conexão virou estadia. A brasileira Monica de Souza estava voltando da Austrália quando parou em Doha para uma conexão. Seriam algumas horas, ela resolveu mudar para seis dias para comemorar o aniversário e, quando viu, foi um caso de amor à primeira vista (pela cidade). Ela mal chegou no Brasil e já se programou para voltar para o Catar. Isso, sem data definitiva de volta. “Cidade maravilhosa, simplesmente incrível”, descreve.

Da esquerda para a direita: Monica, Sandra, Anna e Nathalya — Foto: Arquivo pessoal

Monica está há dois meses no país e, dentro do negócio de Anna, apoia os turistas que vão curtir a Copa do Mundo. Até agora, para ela, a melhor parte tem sido encontrar pessoas de diferentes países. “Encontrei egípcios, jordanianos, tunisianos, sírios… trabalhadores daqui. Pessoas do golfo pérsico.”

Ela conta que os trabalhadores braçais, que estão nas obras, são, em geral, indianos, bengaleses ou paquistaneses. “Sírios trabalham mais em restaurantes, não tanto em obra. E tem uns que têm bons cargos. No Catar, o forte é extração de petróleo e gás natural, então aqui tem muito engenheiro”, observa.

Festas dentro dos costumes

Nas horas vagas, vai para a balada com as amigas, que costuma durar até às 2h da madrugada. “A noite aqui é cara. As festas são nos hotéis, bares que têm televisores e bares dançantes. As bebidas alcoólicas tem só nesses lugares. Quem é residente consegue comprar álcool, mas tem uma cota.”

As meninas se divertem sem extrapolar muito as regras catarianas. Monica lista algumas delas:

“Não pode beijar, não pode ter contato. Sempre tem segurança de olho. Primeiro, você recebe uma advertência, é chamado atenção. Educadamente falam: ‘facilita o nosso trabalho. Se insistir vai pra cadeia’.” Ela cita também questões ligadas à vestimenta, como cobrir ombros e joelhos.

Assim como Sandra, ela percebeu uma certa flexibilidade com estrangeiros, principalmente neste período de Copa. “Eu vi um casal que a menina estava sentada no colo dele. O segurança pediu pra ela sair. Aqui os casais não têm contato físico, no máximo, que a gente vê, é uma mão dada.”

Nathalya, a recém-chegada ao Catar

Nathalya e Anna Oliva vestidas de verde e amarelo em Doha, no Catar — Foto: Arquivo pessoal

Do grupo, Nathalya Oliva Dreyer é a mais nova. Chegou há pouco tempo em Doha e ainda está aprendendo a lidar com o calorão. “A temperatura é algo que eu já estava esperando. Só que a gente não consegue imaginar o quão quente é. Eu só saio de noite porque de dia é muito quente. O ar e o vento são quentes.”

Na equipe de Anna, a jovem trabalha diretamente no atendimento dos turistas, que são de várias partes do mundo. Ficou meses trabalhando do Brasil, até para atender fusos diferentes de Doha, e recentemente se uniu ao grupo para o evento.

Arquiteta por formação, a recém-chegada está encantada com as construções, edifícios e espaços urbanos no Catar. “Tem a skyline, uma arquitetura futurista, que é de encher os olhos. Ao mesmo tempo tem o contrataste, as construções mais antigas, vernacular, com materiais como pedra, madeira e algumas coisas bem rústicas… um contraste bem lindo.”

Ela brinca também com o luxo e o brilho, chamando Doha de “Times Square árabe”. “Tudo aqui é muito iluminado. Parece que é Natal o tempo todo. É muito brilho”, relata.

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Por: G1

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