Uma série reclamações sobre ‘cheiros estranhos’ em carros usados em corridas por aplicativo ganham as redes sociais, como o caso da jovem que fugiu de um veículo após sentir um odor diferente e alegar ter ficado tonta em Santos, no litoral de São Paulo. Ao mesmo tempo, motoristas que ganham a vida prestando o serviço justificam que os ‘cheiros’ podem ser de produtos de limpeza. O g1 ouviu um especialista de segurança que aponta quando o sinal de alerta deve ser ligado.
O motorista de aplicativo Roberto Costa, de Praia Grande, também no litoral paulista, diz que “não é fácil” lidar com a questão dos cheiros nas corridas. “Eu desinfeto o carro [com produtos] e as pessoas reclamam do cheiro, se não desinfeta falam que não vão no meu carro porque pode ter vírus. Não é fácil trabalhar com as pessoas, nós motoristas estamos sempre sendo difamados”, compartilha.
Além de desabafos de motoristas, a repercussão do caso da jovem influenciou o surgimento de dúvidas quanto à segurança em veículos de motoristas de aplicativo. O g1 conversou com Vinicius Vaz, especialista em segurança e ex-tenente do Exército. Ele dá uma série de dicas sobre como garantir uma viagem segura e como reagir em suspeita de intoxicação.
Vaz comenta que quando os aplicativos de viagens surgiram os usuários tinham muita preocupação em conferir o modelo, a cor e a placa do veículo, além do nome e imagem do motorista. Com o tempo, ele afirma que essa checagem das informações diminuiu, o que considera um problema. “As pessoas têm que voltar a ter aquela preocupação primária”, crava.
O especialista diz que não se deve fornecer informações pessoais para o motorista e, ao entrar no veículo, diz que o ideal é sentar no banco atrás do condutor. Dessa forma, há menor possibilidade de contato visual.
Vaz ressalta que “a maior vilã é a distração”. Segundo ele, passageiros que utilizam o celular durante a corrida ficam dispersos e são potenciais vítimas para pessoas de má índole que, por algum motivo, estejam buscando alvos para aplicar golpes ou realizar crimes.
Mulher alegou quase ter sido dopada e caso foi publicado nas redes sociais — Foto: Reprodução
Atenção a substâncias potencialmente perigosas
Sobre o caso da jovem que sentiu um “cheiro estranho”, ficou tonta e decidiu fugir do veículo, o especialista em segurança comenta que, geralmente, as substâncias usadas para cometer tais crimes são incolores, oleosas e inodoras. Portanto, não tem cheiro.
Vaz afirma que para esse tipo de resultado [semelhante ao ‘Boa noite, Cinderela’] é comum serem utilizados solventes, mas, a substância deve ser colocada em um pano próximo ao nariz da vítima, o que não foi o caso.
Ele pontua, ainda, que algumas pessoas, dependendo do organismo, podem desenvolver reações adversas ao sentir o cheiro de substâncias utilizadas para limpeza, como álcool.
Como reagir em suspeita de intoxicação
“O primeiro passo é manter a calma e conseguir decorar todas as características do veículo e da pessoa”. Ele exemplifica que características não são as informações óbvias, mas detalhes. Lanterna amassada, falta de antena e adesivos são exemplos de características em veículos, enquanto cicatrizes, tatuagens e etnia são características nas pessoas.
Por fim, o especialista em segurança frisa a importância de registrar boletim de ocorrência. “É o boletim de ocorrência que vai abastecer a [os dados da] segurança pública para se poder ter uma estatística de onde está acontecendo isso [o crime] e direcionar o policiamento nessas áreas”.
O g1 entrou em contato com a Uber para saber se há algum protocolo de limpeza dos veículos de motoristas parceiros. Em nota, a empresa disse que não há orientação em relação à higienização de veículos.
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