Pela primeira vez desde 2020, o Ano Novo Lunar – ou Festival da Primavera, como também é conhecido – que começa oficialmente em 21 de janeiro, não será celebrado sob as rígidas restrições impostas pela política “Zero Covid”, abandonada pelas autoridades chinesas.
O ministério dos transportes informou, na sexta-feira (6), que previa mais de dois bilhões de deslocamentos de pessoas nos próximos 40 dias, um aumento de 99,5% em relação ao ano anterior, ou 70,3% das viagens registradas em 2019.
A informação divide opiniões. Alguns chineses comemoram a possibilidade de passar o Ano Novo Lunar em família pela primeira vez em anos, outros temem contaminar os familiares idosos.
“Eu não ouso voltar para minha cidade natal porque tenho medo de levar o veneno”, diz um comentário na conta Twitter do Weibo, site de microblogging chinês.
Contaminações de zonas rurais
A grande migração de pessoas para suas regiões de origem poderia provocar picos de contaminação em cidades pequenas e zonas rurais, onde os hospitais têm menos vagas nas UTIs.
As autoridades afirmam reforçar os serviços médicos de base, abrir clínicas e tomar as medidas necessárias para os pacientes de alto risco, principalmente pessoas idosas frágeis.
“As zonas rurais da China são vastas, a população é importante e os recursos médicos per capta são relativamente insuficientes”, declarou este sábado o porta-voz da Comissão Nacional da Saúde, Mi Feng.
Segundo especialistas, a onda atual de infecções poderia ter atingido um pico.
Neste domingo (8), a China reabrirá sua fronteira com Hong Kong e acabará com a obrigação imposta a viajantes vindo de países estrangeiros de respeitar uma quarentena. Os chineses vão poder fazer viagens internacionais pela primeira vez desde o fechamento das fronteiras há quase três anos, sem medo de ter que se isolar na volta.
Mas vários países, incluindo Japão, França, Estados Unidos e Espanha, decidiram exigir testes negativos de Covid-19 para viajantes provenientes da China. Além disso, países europeus, entre eles Alemanha e Bélgica, desaconselharam, neste sábado, seus cidadãos a viajarem para a China.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou quarta-feira (4), que as informações fornecidas por Pequim sobre número de hospitalizações e de mortes devido à Covid eram subestimadas.
Mas dirigentes e veículos de comunicação da China defenderam sua gestão da epidemia, minimizando a gravidade da onda epidêmica, e criticaram as medidas impostas por outros países aos viajantes chineses.
Neste sábado, em Hong Kong, filas se formavam em frente aos centros de testes PCR para viajantes.
A China, que investiu em um vasto programa de testes, agora insiste na importância das vacinas e do tratamento. Em Xangai, por exemplo, as autoridades anunciaram, na sexta-feira (6), o fim dos testes gratuitos, a partir de 8 de janeiro. De acordo com uma circular publicada sábado por quatro ministérios, os recursos financeiros serão realocados para tratamentos, subvencionados até 60% até 31 de março.
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