Uma professora de São Vicente, no litoral de São Paulo, viralizou ao usar a criatividade para deixar os alimentos mais divertidos. Ela transformou morango em Homem-Aranha, berinjela em Wandinha, tudo para fazer com que o sobrinho, de 7 anos, diagnosticado com seletividade alimentar tenha interesse em comer. A condição dele causa pouco apetite ou desinteresse por alimentos.
Rute Lacerda, conhecida como ‘Tia Rute’, atualmente tem quase 2 milhões de seguidores nas redes sociais. Ela contou ao g1 que teve a ideia de fazer o primeiro “prato divertido” após o menino ficar sete dias sem comer. Era uma tentativa de incentivá-lo.
“O prato ficou horrível. Ele criticou, postamos o vídeo no TikTok e viralizou […]. A intenção era só fazer meu sobrinho voltar a comer e depois eu pararia. Mas fiz outros pratos que ficaram bonitos e os seguidores começaram a pedir mais nos comentários. Fui tentando [fazer] e conseguindo”, disse.
Tia Rute já transformou morangos em Homem-Aranha e berinjelas na Wandinha da família Addams — Foto: Reprodução/Instagram
Rute contou que a irmã Léia Figueiredo, de 39 anos, não sabe cozinhar e, por isso, a ajuda com o filho Levi. Elas moram no mesmo prédio, o que facilita todo o processo.
Ela disse acreditar que o talento para fazer os ‘pratos divertidos’ tenha vindo da paixão por desenhar. O Os vídeos com a rotina de alimentação do Levi e do filho Davi, este de 4 anos, começaram a ser publicados há pouco mais de um ano. Embora o principal objetivo seja incentivar o sobrinho comer, hoje ela ter ter uma motivação extra: criar conteúdo para os seguidores.
Segundo a professora, o sobrinho costuma recusar a comida, o que a deixa chateada. Entretanto, de acordo com ela, são os vídeos que os internautas mais gostam.
“Hoje, eu não faço os pratos só para o meu filho e para o meu sobrinho, eu faço para os meus seguidores também. Embora eles não possam vir até a minha casa e comer um prato meu, é uma forma que eu tenho de retribuir o carinho deles”, afirmou.
Rute Lacerda viralizou nas redes sociais ao mostrar a rotina de alimentação do sobrinho Levi
À reportagem, Léia, mãe do Levi, disse que o filho dificilmente experimenta um novo alimento, mas, quando gosta, fica dias comendo a mesma coisa. Ela contou que após levá-lo a diversos especialistas, o menino foi diagnosticado com seletividade alimentar moderada.
Desde então Levi faz tratamento terapêutico para aumentar o cardápio de alimentos que costuma consumir. O intuito é mantê-lo saudável e prevenir danos futuros relacionados à alimentação restrita.
“Quando se trata dos melhores pratos, ele nem tenta experimentar, incluindo até doces, chocolate, sorvete e os pratos da minha irmã também, coitada. Comer mesmo é raro. Eu digo que ele só belisca a comida e depois abandona o prato cheio. É muito difícil”, disse Léia.
Ao g1, a nutricionista Deise Doi explicou que a seletividade alimentar é uma restrição em que a criança escolhe, em média, 15 opções ou exclui um grupo de alimentos, como frutas ou legumes. As causas podem variar entre hábitos dos pais, transtornos psicológicos ou traumas durante alguma refeição.
Segundo a especialista, os pratos divertidos podem ajudar, uma vez que a criança será estimulada a interagir com os alimentos. Segundo ela, porém, é necessário que sejam alternados com refeições ‘normais’, pois, quando não tiver, ela pode ficar estressada e sem querer comer.
“[A seletividade alimentar] pode ter um prazo curto, porém, é importante a intervenção multidisciplinar de profissionais como nutricionista, e, muitas vezes, terapeuta, fonoaudióloga e psicólogo. Se esse comportamento passar como ‘normal’ na infância é provável que seja um adulto com seletividade também“, afirmou Deise.
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