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O documento com informações e pedidos se refere a até então chamada Operação Escudo, recentemente rebatizada de Verão.
Em ambos os anos, a operação foi deflagrada depois que policiais militares foram mortos.
“A Operação Escudo em andamento tem formalmente o mesmo fundamento das anteriores, qual seja: localizar e prender os envolvidos pelas mortes dos agentes da segurança pública. Tal qual a primeira, a operação mobilizou efetivo considerável da Polícia Militar de todo o Estado, força policial responsável pelo policiamento ostensivo e não por investigações, para o litoral. Nesta nova fase, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo montou um gabinete no território para coordenar a Operação”, diz trecho do documento.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “as forças de segurança do estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional” (leia nota completa abaixo)
O Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos (NCDH), da Defensoria, teve acesso a cinco boletins de ocorrência referentes a sete vítimas dos policiais neste ano.
Segundo a defensoria, apesar de três das cinco ocorrências terem envolvimento de policiais da Rota, um dos batalhões já equipado com câmeras operacionais portáteis, “não há menção ao uso da tecnologia nos respectivos Boletins de Ocorrência de morte por intervenção policial lavrados. Em quatro Boletins de Ocorrência houve registro do número de disparos de arma de fogo, contabilizando 19 disparos que atingiram as vítimas fatais, o que totaliza uma média de 4,75 disparos em cada ocorrência”.
No início do ano, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que câmeras nas fardas não oferecem segurança efetiva na vida do cidadão e admitiu que sua gestão não irá investir em novos equipamentos.
O uso do equipamento nos uniformes da PM em SP evitou 104 mortes, segundo levantamento da FGV em dezembro de 2022 e a letalidade dos policiais em serviço foi a menor da história no ano passado.
Segundo o documento enviado à ONU, há “indícios da não preservação das cenas dos crimes, bem como a repetição da versão policial em todas as ocorrências com morte: que os suspeitos portavam drogas, atiraram e que teriam sido socorridos ainda com vida. Nesse contexto, a ausência de corpos nas cenas de crimes impossibilitaria que a perícia coletasse provas técnicas.”
Em um dos boletins de ocorrência, ainda de acordo com a defensora, a não preservação do local dos fatos é registrada da seguinte forma: “em razão do tumulto causado nas imediações e com o eventual risco de novo confronto no local, ficou prejudicado para perícia, razão pela qual não possível a preservação do sítio do evento por parte dos componentes da ROTA”.
Uma das pessoas mortas era José Marcos Nunes da Silva, homem de 45 que voltava para casa de seu trabalho como catador de material reciclável em um lixão da Baixada Santista. Reconhecido na comunidade como trabalhador, ele foi morto dentro de sua residência por policiais militares da Rota na comunidade de Sambaiatuba, na cidade de São Vicente.
“A morte de José reproduz padrões identificados na primeira fase da Operação Escudo, dentre as quais, a abordagem sistemática e aleatória de pessoas nas comunidades periféricas da Baixada Santista, muitas vezes com questionamentos sobre a existência de passagens anteriores pelo sistema prisional, assim como o ingresso em domicílio sem ordem judicial”, diz o documento.
Por fim, os autores pediramm, entre outras solicitações, “que os órgãos internacionais questionem o estado brasileiro sobre os eventos ocorridos durante a operação, especialmente no quanto às mortes ocorridas em Guarujá, São Vicente e Santos, além da devida apuração e adoção de medidas administrativas quanto aos envolvidos”.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou os agentes, e a Justiça acatou a denúncia. Assim, os PMs vão responder ao processo como réus.
A denúncia traz imagens de câmeras de segurança que, de acordo com os promotores do caso, mostram o assassinato de Rogério de Andrade Jesus, morto com um tiro de fuzil na manhã do dia 30 de julho.
Dois policiais militares se tornam reús por homicídio qulificado durante a Operação Escudo, no litoral paulista
Testemunhas relataram casos de execução, pessoas de outras regiões sendo levadas para serem mortas onde ocorria a operação, invasão de casas, omissão de socorro médico, ausência de câmeras ou identificação nas fardas, morte de moradores de rua, entre outros (veja os onze 11 relatos abaixo).
No relatório, o Conselho narra que, com a ajuda da líder das Mães de Maio, Débora Maria da Silva, conseguiu contato com familiares das vítimas da operação, testemunhas e líderes comunitários, que foram ouvidos no dia 14 de agosto. Em encontros em Santos e no Guarujá, os conselheiros recolheram os 11 relatos de violações dos direitos humanos:
O CNDH concluiu que os “relatos colhidos indicam graves excessos no uso da força e execuções sumárias com disparo de armas de fogo.” O relatório menciona que o Protocola de Minnesota, da ONU, deve ser seguido para orientar investigações sobre mortes suspeitas, garantir a responsabilidade por violações do direito à vida e trazer verdade, justiça e reparação para as famílias das vítimas.
“As forças de segurança do Estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional. Durante a Operação Verão na Baixada Santista, iniciativa voltada ao combate à criminalidade e a garantia da segurança da população, 634 criminosos foram presos, incluindo 236 procurados pela Justiça. Além disso, foram apreendidos mais de 147 quilos de drogas e 72 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito. 26 pessoas acabaram morrendo em confrontos com a polícia. O número de óbitos é resultado da reação dos criminosos, entre eles líderes de facções, as ações dos agentes de segurança. Todos os casos de morte em confronto na região são rigorosamente investigados pela Polícia Civil, com o acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informa que após a morte do soldado Cosmo, baleado enquanto fazia patrulhamento pela Operação Verão, foi desencadeada uma mobilização para combater a criminalidade na região. A primeira fase da Operação começou em 18 de dezembro e terminou em 5 de fevereiro. No dia seguinte teve início a 2ª fase, voltada para garantir a segurança de moradores e turistas. No dia 7 foi deflagrada a terceira fase, com a finalidade de localizar e prender os envolvidos na morte do soldado Cosmo e combater o crime organizado na região. Esta etapa tem o reforço de policiais de diversos batalhões, além das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e do Comando de Operações Especiais (COE).”
Por: G1
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