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O resultado oficial, porém, deve ser anunciado só mais tarde pelo Conselho Superior Eleitoral do país. Por volta das 20h (horário de Brasília), o chefe da autoridade eleitoral, Ahmet Yavas, disse que 87,13% das urnas já tinham sido apuradas pelo conselho. Ele não informou o resultado preliminar.
De acordo com divulgação da agência de notícias estatal Anadolu, com 95,45% das urnas contabilizadas por volta de 19h20 (horário de Brasília), a situação parcial dos dois principais candidatos era a seguinte:
A última atualização da agência de notícias privada Anka, com mais de 95% das urnas apuradas, traz números semelhantes, mas com uma diferença menor entre os dois candidatos:
Segundo a BBC, a Anka tem laços próximos da oposição turca. Apesar disso, diferentemente do que essas agências vinham divulgando, neste domingo, o líder da oposição Kemal Kilicdaroglu afirmou estar liderando a contagem de votos contra Erdogan.
Segundo a Reuters, já era esperado inclusive que esses resultados iniciais fossem favoráveis a Erdogan, já que muitas das primeiras contagens normalmente vêm de áreas rurais e mais conservadoras do país.
Líder do conservador e religioso Partido da Justiça e Desenvolvimento, ou AKP, Erdogan chegou ao poder em 2003, inicialmente como primeiro-ministro. Em 2017, liderou a troca do regime político de parlamentarismo para o presidencialismo após sair vitorioso de uma tentativa de golpe de Estado, ocorrida em 2016. Desde então, venceu todas as eleições presidenciais.
Em 2023, entretanto, as pesquisas indicam uma eleição apertada —o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu, tem uma leve vantagem no primeiro turno, mas provavelmente o resultado será decidido no segundo turno, em 28 de maio.
Erdogan, líder mais longevo da Turquia, nunca esteve tão perto de perder o cargo
Com a expressão cansada, o candidato à reeleição compareceu à sua seção eleitoral em Üsküdar, um bairro conservador de Istambul, para votar, desejando “um futuro próspero para o país e para a democracia turca”.
Erdogan, que não quis dar nenhuma previsão dos resultados, destacou o “entusiasmo dos eleitores”, principalmente nas áreas mais atingidas pelo terremoto de 6 de fevereiro, que deixou pelo menos 50 mil mortos.
O candidato da oposição, Kemal Kiliçdaroglu, votou pouco antes em Ancara.
Kemal Kilicdaroglu, de 74 anos, o líder da oposição, é um político secular de centro-esquerda. Ele é do Partido Republicano do Povo, mas lidera uma aliança de seis partidos para tentar vencer o atual presidente.
A aliança política que concorre pela oposição inclui islâmicos e nacionalistas. Ele conseguiu também o apoio do partido curdo, que tem cerca de 10% dos votos.
Entre as promessas, está a de desmobilizar o sistema presidencial que Erdogan instalou ao parlamentarismo.
Kemal Kilicdaroglu, de 74 anos, o líder da oposição na Turquia, vota em uma seção eleitoral de Ankara neste domingo (14). — Foto: AP Photo
A economia da Turquia enfrenta problemas. A alta inflação – uma das mais altas no mundo, tendo passado de 80% em 2022 – tem corroído o poder de compra das famílias.
Além disso, o governo de Erdogan foi criticado pela reposta ao terremoto que atingiu o sul da Turquia e matou 50 mil pessoas no início de 2023. O governo foi acusado de ter liberado edifícios com projetos que não previam resistência a tremor de terra.
A campanha eleitoral atual é baseada em conquistas passadas, ele apresenta-se como o único político que pode reconstruir vidas após o terremoto de 6 de fevereiro no sul da Turquia, que destruiu cidades e matou mais de 50 mil pessoas.
Durante seus atos de campanha, Erdogan tentou retratar a oposição como conivente com “terroristas”, bem como com potências estrangeiras que desejam prejudicar a Turquia. Em uma tentativa de consolidar sua base conservadora, ele também acusou a oposição de apoiar os direitos LGBTQ e de serem bêbados.
Além disso, o presidente turco elevou gastos públicos antes das eleições e aumentou os valores do salário-mínimo e das aposentadorias.
Tratores limpam destroços de prédios derrubados por terremotos em Antáquia, na Turquia — Foto: Thaier Al-Sudani/REUTERS
As eleições na Turquia também prometem afetar a política externa do país — assunto que já está sob os holofotes há alguns meses.
Erdogan é um antigo aliado de Vladimir Putin, presidente da Rússia, e a forma como age (ou deixa de agir) perante a guerra na Ucrânia não tem agradado os colegas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), já que o grupo está do lado ucraniano.
Se Kilicdaroglu sair vitorioso, no entanto, este cenário pode mudar. Em mais de uma ocasião, o candidato afirmou ter interesse em fortalecer os laços do Estado turco com a Otan e, inclusive, acredita que o país deveria pleitear uma vaga na União Europeia.
Quanto à guerra russa na Ucrânia, Kilicdaroglu confirmou que, se eleito, sancionará a Rússia, algo que Erdogan pouco fez até agora. Isso isolaria Moscou ainda mais no cenário internacional e poderia ter desdobramentos importantes, segundo os especialistas.
Por: G1
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Fabio Paschoal
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