Possebon e o dono da mineradora Betser, Christian Costa dos Santos, foram presos na operação Disco de Ouro, que investiga a movimentação de R$ 250 milhões em transações com cassiterita extraída ilegalmente da Terra Yanomami. A defesa afirma que a prisão dele é “uma violência.”
Possebon foi identificado como suspeito de integrar o núcleo financeiro do suposto esquema. Ele também foi apontado como sócio oculto da mineradora Betser. Ele teria recebido mais de R$ 1,18 milhão da mineradora, segundo as investigações da PF. Familiares dele também teriam recebido valores.
Em depoimento à Polícia Federal, obtido com exclusividade pela Rede Amazônica, Matheus negou envolvimento com o esquema e disse que não conhece o empresário de Roraima, nem a cidade de Boa Vista e tampouco a região Norte do país. Também negou ter negócios relacionados a mineração.
Questionado pela PF sobre as transações suspeitas na conta dele, disse que fazia apostas com um amigo. Os valores chegavam a R$ 30 mil e as premiações eram de até R$ 100 mil.
“O declarante parou de fazer apostas com [amigo] há aproximadamente oito meses; QUE o declarante possui essa movimentação financeiras, sendo que também existem conversas a respeito em seu aparelho celular; QUE inclusive não se tratavam de casas de apostas; QUE se tratavam de apostas entre amigos; QUE, inclusive, [amigo] deve para o declarante aproximadamente RS 400.000,00”, cita o depoimento.
As buscas da operação Disco de Ouro foram em um endereço ligado a Possebon no bairro Bela Vista, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e também em outros cinco imóveis ligados a outros investigados na operação. Alexandre Pires também foi alvo de buscas pessoal e teve o celular apreendido.
Alexandre Pires é investigado por ter recebido R$ 1.382.000 da mineradora. Do total, o cantor recebeu R$ 357 mil em uma conta pessoal e mais R$ 1.025.000 em uma conta jurídica. Sobre a ligação com Alexandre Pires, Possebon negou ter conhecimento dos negócios do artista e disse que gerencia apenas a carreira do cantor.
“O declarante [Possebon], inclusive, já pegou dinheiro emprestado de ALEXANDRE PIRES E. período da pandemia e também na semana retrasada; OUE um dos empréstimos alcançou o equivalente a RS 1.000.000,00, sendo que inclusive já restitui o referido valor por meio de transferência bancária”, justificou.
Em nota acerca da prisão de Possebon, a defesa disse que “foi decretada por conta de uma única transação financeira com uma empresa que Matheus não mantém qualquer relação comercial. Mais grave ainda, a prisão se deu sem que Matheus pudesse ao menos esclarecer a transação. A defesa, porém, está certa de que esta violência será prontamente desfeita, e que Matheus poderá em liberdade comprovar que nada tem a ver com esta investigação”, informou o advogado Fábio Tofic Simantob.
O inquérito policial indica que o esquema seria voltado para a “lavagem” de cassiterita retirada ilegalmente da TIY, no qual o minério seria declarado como originário de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba, no Pará, e supostamente transportado para Roraima para tratamento.
Cassiterita é um metal usado para produzir ligas como as folhas de flandres, utilizadas na fabricação de latas de alimentos, no acabamento de carros, na fabricação de vidros e até na tela dos celulares. As investigações apontam que a dinâmica ocorreria apenas no papel, já que o minério seria originário do próprio estado de Roraima.
Foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas.
A Operação foi deflagrada nessa segunda-feira (4). Foram cumpridos dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, em Boa Vista e Mucajaí, em Roraima, além de São Paulo e Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC). Também foi determinado o sequestro de mais de R$ 130 millhões dos suspeitos.
A operação é um desdobramento de uma ação da PF deflagrada em janeiro de 2022, quando foram apreendidas 30 toneladas de cassiterita extraída da Terra Indígena Yanomami. O minério estava no depósito da sede de uma empresa investigada era preparado para remessa ao exterior. As investigações seguem em andamento.
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