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‘Estamos vivos ainda’; ‘não conseguimos fechar os olhos para dormir’, dizem brasileiros em Gaza após bombardeio

today25 de outubro de 2023 7

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“Estamos vivos ainda. Só temos comida e água até o fim de semana. A noite de ontem [terça-feira, 24] foi terrível. Bombardeios não pararam e os ataques foram perto, de um jeito assustador”, afirmou.

Shahed é de família palestina, morava em São Paulo, mas há um ano e meio se mudou para Gaza. Ela é uma das 30 pessoas brasileiras que estão na lista de repatriados e tentam deixar a região pelo Egito para voltar ao Brasil. Com ela estão a irmã, Shams, de 13 anos, e a avó, Jamila, de 64 anos.



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A avaliação do Ministério das Relações Exteriores é de que a situação dos brasileiros e de outros civis na Faixa de Gaza irá se agravar nos próximos dias.

Ahmad El Ajurami, brasileiro que mora perto de Shahed, diz que não consegue nem fechar os olhos para dormir.

“Está muito difícil para achar água. E está ficando cada dia pior a situação aqui. Logo, vamos todos morrer. A noite de ontem foi terrível, não conseguimos fechar os olhos para dormir. Aviões bombardeiam a Faixa de Gaza a cada minuto”, disse.

Shahed Al-Banna tem 18 anos e está em Rafah aguardando retorno ao Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

No último domingo (22), a jovem relatou sobre a dificuldade para comprar água e a falta de transporte no país devido à escassez de combustível. Segundo ela, cavalos estão sendo usados pelos palestinos para transportar tanques de água.

“A gente comprou água hoje. Compramos um tanque de gás [bomba] para transferir a água de um tanque para outro, que vamos usar dentro da casa. Como não tem transporte, então a gente usou um cavalo para buscar o tanque com a água. É muito difícil achar água. Muito difícil”, relatou a jovem, em vídeo enviado à reportagem.

Brasileira em Gaza relata dificuldade para comprar água em Rafah

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“Apelamos à comunidade internacional e ao Egito para que trabalhem imediatamente para trazer combustível e necessidades emergenciais de saúde antes que mais vítimas sejam perdidas nos hospitais”, disse o comunicado. O grupo terrorista Hamas controla Gaza, e o Ministério da Saúde do território é ligado ao Hamas.

O motivo pelo qual há restrições para a entrada de combustíveis é que o material também pode ser usado em armas e foguetes.

Segundo a ONU, discute-se a possibilidade de rastrear o combustível para evitar que o material seja desviado para outros usos, que não em geradores.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) informou que abriga 600 mil pessoas em 150 instalações em Gaza — o número é quatro vezes maior que a capacidade máxima que o local abriga. Dessa forma, há famílias dormindo nas ruas.

Juliette Touma, a diretora de comunicações da Agência da ONU para refugiados palestinos, também afirmou que a entidade precisa de combustível para suas operações no território palestino e, se não houve abastecimento até a noite de quarta-feira, o atendimento será interrompido

Palestinos usam cavalos para transportar água em Gaza — Foto: Embaixada do Brasil na Palestina/Divulgação

‘Não tem água, não tem pão’

Noura Bader com a família na Faixa de Gaza — Foto: Arquivo Pessoal/Noura Bader

Eles estão na lista de repatriados e aguardam cruzar a fronteira em uma casa alugada pela embaixada.

“Não tem água, não tem comida, não tem pão. Só hoje [sábado] consegui comprar”, ressaltou Noura.

Noura morava na capital paulista na condição de refugiada até o começo deste ano. Ela, o marido e os dois filhos mais velhos nasceram na Palestina. Já o filho mais novo, Mohamed Monir Bader, de 4 anos, é brasileiro.

Noura Bader ao lado de Kobra na frente do mural com o rosto dela em frente à fachada do Museu da Imigração — Foto: Reprodução

Em janeiro deste ano, a família decidiu se mudar para o Egito. Mas em fevereiro Noura foi morar na Faixa de Gaza, onde o marido estava trabalhando como motorista até o começo da guerra. Ela não sabe onde vai morar agora.

“Não sei, só [queremos] ficar fora de Gaza. Podemos ir ao Egito ou voltar ao Brasil. Não sei ainda”, disse a palestina ao g1 no dia 13 de outubro.

Nesta segunda-feira, ela recebeu imagens da casa dela, na Faixa de Gaza, destruída pelos bombardeios.

Casa de Noura Bader destruída na Faixa de Gaza — Foto: Arquivo Pessoal

Bloqueio na Faixa de Gaza

Palestinos que deixaram suas casas em meio aos ataques israelenses são abrigados em um acampamento administrado pela ONU, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 20 de outubro de 2023 — Foto: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

“É uma situação terrível a que estamos vendo evoluir na Faixa de Gaza, com alimentos e água escassos e esgotando rapidamente”, disse Brian Lander, vice-chefe de emergências do PMA, à Reuters.

Das mais de 2 milhões de pessoas que moram no território, 340 mil tiveram que sair de suas casas desde o início dos ataques, também segundo a ONU.

Segundo a BBC, o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) destacou a preocupação com as quase 50 mil grávidas que vivem em Gaza e estão sem acesso a serviços essenciais de saúde ou mesmo água potável. E que 5.500 delas devem dar à luz no mês que vem.

O que é a passagem de Rafah

Rafah, que possui a única fronteira internacional da região fora do domínio israelense, abriga diversos grupos de estrangeiros que aguardam a abertura da passagem para o Egito para poderem retornar a seus países, inclusive 10 brasileiros, sendo 4 crianças, 3 mulheres e 3 homens.

Ajuda humanitária — Foto: g1




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

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