Um relatório divulgado também nesta segunda pela ONG Human Rights Watch apontou que forças sauditas que policiam fronteiras atiraram e mataram milhares de cidadãos da Etiópia que tentavam entrar na Arábia Saudita, a maioria fugindo de conflitos internos.
Os Estados Unidos são o principal país fornecedor de armas para a Arábia Saudita e também fazem treinamentos constantes com forças do país.
Por isso, logo após a divulgação do relatório, que revela assassinatos à queima-roupa por parte dos guardas sauditas, o Departamento de Estado dos Estados Unidos se declarou sobre o documento.
Um porta-voz do departamento disse que cobrou uma posição do governo da Arábia Saudita sobre as acusações, “muito preocupantes”. Mas, na mesma declaração, negou que as armas usadas nos crimes sejam norte-americanas.
“Levamos nossas preocupações sobre essas acusações ao governo saudita. Pedimos às autoridades sauditas que façam uma investigação completa e transparente e também cumpram suas obrigações sob o direito internacional”, disse o porta-voz.
“A administração (dos EUA) não forneceu/aprovou a venda de armas aos guardas de fronteira terrestre implicados no relatório (…). Os guardas de fronteira não participam de nenhum treinamento”.
Os Estados Unidos são aliados antigos da Arábia Saudita, produtora de petróleo, na área de segurança, mas mantêm uma relação tensa na área dos direitos humanos.
Relatório da Human Rights Watch
O relatório da HRW é baseado em entrevistas com 38 migrantes etíopes que tentaram cruzar a Arábia Saudita a partir do Iêmen, e em imagens de satélite, vídeos e fotos nas redes sociais, ou de outras fontes.
As acusações do relatório da ONG apontam para uma grande escalada de abusos ao longo da perigosa “Rota Oriental” do Chifre da África à Arábia Saudita, onde centenas de milhares de etíopes vivem e trabalham.
“As autoridades sauditas estão matando centenas de migrantes e solicitantes de asilo nesta remota área de fronteira, longe dos olhos do resto do mundo”, disse Nadia Hardman, pesquisadora da HRW.
Alguns sobreviventes entrevistados pela ONG descreveram ataques à queima-roupa e que guardas perguntavam aos migrantes “em que parte do corpo eles preferiam ser baleados”, segundo o relatório.
“Gastar bilhões” em esportes e entretenimento “para melhorar a imagem saudita não deve nos distrair desses crimes horríveis”, acrescentou o documento.
O Human Rights Watch, com sede em Nova York, documenta abusos contra etíopes em países com a Arábia Saudita há quase uma década, mas os assassinatos em questão podem constituir crimes contra a humanidade, segundo a ONG.
O governo da Arábia Saudita não havia se pronunciado sobre o caso até a última atualização desta notícia.
No ano passado, especialistas da ONU relataram “denúncias preocupantes” de que “bombardeios de artilharia transfronteiriços e disparos de armas pequenas das forças de segurança sauditas mataram cerca de 430 migrantes” no sul do reino e no norte do Iêmen durante os primeiros quatro meses de 2022.
O norte do Iêmen é amplamente controlado pelos huthis, rebeldes combatidos desde 2015 pela Arábia Saudita, que apoia as forças pró-governo.
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G1 Mundo.
Por: G1
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