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Ainda de acordo com a apuração, as eventuais ações criminosas começaram a ser investigadas em agosto deste ano, quando os citados policiais oficializaram a apreensão de 168 quilos da droga, que pertencia à própria facção, e estaria escondida em um caminhão, na Ilha Barnabé, na margem direita do porto organizado de Santos.
O volume de droga, porém, seria superior ao apresentado na delegacia – a reportagem não teve acesso à quantidade desviada, se foi negociada em troca de propina e os valores obtidos de forma ilícita. Sabe-se, no entanto, que a cocaína abasteceria os pontos de tráfico no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ).
O advogado de Rollo e dos outros três investigadores, Armando de Mattos Júnior, alega que os clientes são inocentes. “São policiais antigos, de boa conduta, conhecidos na comarca e são policiais trabalhadores […]. Pedimos que eles fossem ouvidos, até porque prisão serve para isso, para oitiva e eles não foram ouvidos”, disse após as prisões.
Armando de Mattos ressaltou que vai pedir a revogação da prisão para o juiz da causa, que é quem vai acompanhar o processo até o final.
“O conteúdo estamos tomando pé agora, porque acabamos de juntar procurações e tivemos acesso aos autos. O que eu posso esclarecer, de viva voz dos quatro policiais, é que trabalharam em uma diligencia muito grande, realizaram uma apreensão de uma quantidade de substância entorpecente elevada”, pontuou.
Cocaína apreendida por equipe de Rollo e demais investigadores seria apenas uma fração da carga interceptada e liberada à facção — Foto: Reprodução/TV Tribuna
O advogado criminalista João Manoel Armôa, que está preso desde setembro, conforme apurado, é tido como a ponte entre os traficantes e os policiais para o pagamento de propina pela liberação da droga apreendida.
O principal cliente dele, que também está preso, é Vinicyu Soares da Costa, mais conhecido como Evoc, apontado como líder da facção criminosa na região.
Eugênio Malavasi, que faz a defesa do advogado criminalista, informou à TV Tribuna ainda não ter tido acesso aos autos do processo e, portanto, não pode comentar sobre o caso.
Em relação ao processo contra o cliente, disse já ter entrado com três pedidos de habeas corpus para a soltura de Armôa. O material é analisado pelo Tribunal Regional Federal.
João Manoel Armôa, que está preso desde setembro, conforme apurado, é tido como a ponte entre os traficantes e os policiais para o pagamento de propina pela liberação da droga apreendida. — Foto: g1 Santos
Na quinta-feira (17), um dia antes da prisão de Orlando Rollo, a PF havia realizado outra operação com o mesmo objetivo: prender policiais que recebiam propina pela entrega de droga apreendida. Três foram presos e, também neste caso, Armôa seria o intermediário das negociações.
Em abril, os três investigadores presos teriam apreendido mais de 400 kg de cocaína e apresentado apenas 26 kg à delegacia. A reportagem apurou que os agentes teriam liberado o restante da carga aos criminosos por R$ 5 milhões.
Orlando Rollo, ex-presidente do Santos e policial civil, teve prisão temporária cumprida — Foto: Arquivo pessoal
Orlando Rollo nasceu em Santos, se formou em Direito, tem tecnólogo em Segurança Pública e atua como investigador da Polícia Civil de São Paulo desde 2002.
Sócio do Santos desde 1993, ele foi conselheiro do clube por sete mandatos, entre 1999 e 2014 e de 2017 e 2020. Na eleição para a presidência do Peixe de 2014, ele foi o quarto colocado. Em 2017, ele foi eleito como vice na chapa encabeçada por José Carlos Peres. Substituto de José Carlos Peres, que sofreu impeachment, ele esteve no cargo por três meses. Em janeiro, o eleito Andres Rueda assumiu.
Na área do futebol, ele faz um MBA em Marketing Esportivo e Psicologia do Esporte, tem curso de Gestão Estratégica de Esportes pela FGV e faz o curso oficial de Gestão de Futebol da CBF Academy. Ele também tem três especializações na área de administração esportiva pela UniBF (PR).
Ex-presidente do Santos FC, Orlando Rollo é preso durante operação do Gaeco
Em nota, o MP-SP, informou que o Gaeco “deflagrou a operação mirando no tráfico de drogas e em crimes contra a administração pública, cumprindo seis mandados de busca e apreensão e seis de prisão em Santos e São Vicente. Entre os presos por determinação da Justiça paulista estão quatro policiais civis”.
O órgão destacou, ainda, que a investigação com a parceria da PF tramita em segredo de Justiça, e que a Corregedoria da Polícia Civil presta auxílio à operação.
Por: G1
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