Numa época onde não existiam selfies ou outras modalidades de fotos, o autógrafo de Pelé, morto na última quinta-feira (29), aos 82 anos, ganhava ares de um joia preciosa. Porém, quando a assinatura do Rei Pelé era acompanhada de “Edson Arantes’, a peça ganha ainda mais valor pela raridade. Pois um fã de Santos, no litoral de São Paulo, guarda essa relíquia há quase 60 anos.
Em entrevista ao g1, o aposentado Manuel Carlos Martinez de Barros Lopes, de 71 anos, conta que acompanhava de perto o Atleta do Século 20 e o mítico time do Santos FC ao lado do pai, Manoel, quando “batia ponto” na Vila Belmiro. Mas foi numa ida ao estádio ao lado do goleiro Cláudio que permitiu o acesso ao elenco estelar do Alvinegro, e aos autógrafos de todos, inclusive o do Rei.
“Tinha uns 13 anos, estudava no ginasial do Colégio Santista. O Cláudio era meu vizinho. A gente morava ali perto da Vila Belmiro, na Avenida Senador Pinheiro Machado. Fui a um treino com ele e peguei os autógrafos de todos os jogadores. Mas o Pelé fez questão de escrever em uma página separada, com uma dedicatória”, conta.
Fã do Rei do Futebol guarda autógrafo raríssimo de quando Pelé ainda assinava ‘Edson Arantes’ — Foto: g1 Santos
Na folha a qual o g1 teve acesso, é possível ler: “Ao Manoel Carlos, com o meu muito obrigado, Edson Arantes – Pelé”. “Ele era sensacional, extremamente humilde. Ele falava com todo mundo, era muito agradável. Depois, foi ficando famoso e conheceu o mundo todo”, acrescenta.
Dentro de campo, em meio a jornadas memoráveis do time dos sonhos do torcedor santista, a ausência em uma partida inesquecível de Pelé ficou marcada. “Ia com o meu pai ver os jogos. Mas, por causa de um aniversário, não fui ver o jogo contra o Botafogo de Ribeirão Preto, em 1964, quando o Santos venceu por 11 a 0, com oito gols do Pelé. Ele sempre brincou comigo por causa disso”.
Lopes relembra outra passagem marcante com o maior jogador de todos os tempos. Foi na famosa Barbearia do Didi, em frente à Vila Belmiro, anos mais tarde. “Estava lá para cortar o meu cabelo e do meu filho mais velho. De repente, chega uma Mercedes, e o Didi vai recebê-la. Era o Pelé. Ele pediu que deixássemos o Rei passar na nossa frente, por estar com certa pressa. Deixamos, claro”, relata.
Didi fechou as portas do salão e Manoel e o filho puderam acompanhar o trato cuidadoso no cabelo do Rei. Em seguida, foi a vez deles, quando veio a surpresa. “Na época, não tinha celular para tirar uma foto (risos). Quando acabamos de cortar, fomos pagar, e o Didi disse ‘Não, o Pelé já deixou pago’. Tive meu corte e o do meu filho mais velho pagos pelo Pelé. São coisas que me emocionam muito”, narra.
Autógrafo raríssimo de Pelé é guardado com carinho por fã no litoral de São Paulo — Foto: g1 Santos
O aposentado conta que assistiu in loco a despedida de Pelé do Santos, em 1974, contra a Ponte Preta, quando o Rei se ajoelhou no centro do gramado da Vila e se virou para os quatro lados do estádio, em sinal de gratidão. “Foi triste perceber que ele não iria mais jogar pelo clube, porque Pelé e Santos são uma coisa só”.
Lopes também chorou a morte do ídolo, a quem definiu como maior embaixador do Brasil no mundo. “O Pelé está acima de qualquer outra coisa que existe no esporte. Dizer que é da terra do Pelé no exterior abre muitas portas. É um nome gravado no mundo inteiro. Gostaria que ele fosse eterno, mas será na nossa lembrança”, finaliza.
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