“Ninguém dá nove facadas em outra pessoa por legítima defesa”, disse a sobrinha da vítima, Tauane Felicio, em entrevista ao g1 nesta segunda-feira (11).
O crime aconteceu no bairro Ribeirão Verde, em Ribeirão Preto (SP). O surfista chegou a ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Brenda se apresentou na delegacia três dias depois, mas foi liberada ao alegar legítima defesa e mostrar hematomas pelo corpo.
Segundo a perícia, além de o homem ter sido golpeado na região do abdômen, houve perfurações no pescoço, peito e face. A faca que teria sido utilizada por Brenda não foi encontrada.
Dezenas protestam em Praia Grande, SP, após corretor de imóveis ser morto pela namorada — Foto: Arquivo Pessoal
Familiares e amigos realizaram um protesto para pedir por justiça em Praia Grande, no litoral de São Paulo, onde Felipe cresceu e parte da família mora. “Estamos em cima, porque ela não pode sair impune desse crime. Nós estamos todos com sentimento de revolta e injustiça, ela tirou a vida do meu tio com requintes de crueldade”, desabafou Tauane, que trabalha como cabelereira.
De acordo com a sobrinha, a quantidade de golpes encontrada no corpo da vítima (nove facadas) prova que o crime não foi em legítima defesa, mas Felipe nunca poderá falar. “Ele não está mais aqui para contar a versão dele. E ela saiu pela porta da frente da delegacia como se nada tivesse acontecido”, lamentou a familiar.
Familiares afirmam que a suspeita cometeu o crime porque não aceitava o desejo do companheiro de se separar.
“Uma mulher bonita, porque ela era linda, ser rejeitada? Nunca tinha sido rejeitada na vida. Do nada apareceu alguém que não fez as vontades dela, que não ficou apanhando que nem um cachorro do jeito que ela queria. Ela foi e matou”.
Corretor de imóveis foi atingido por ao menos nove golpes de faca em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV
Brigas e possível fim de relacionamento
De acordo com a cabelereira, Brenda era extremamente ciumenta e já tinha agredido o companheiro. Felipe, inclusive, manifestou o desejo de se separar e um dia antes do crime foi até a casa da mãe para dizer ao irmão a pretensão.
“Conversou com o meu tio e contou que as malas dele já estavam prontas. Ele ia voltar para casa [da mãe] porque a Brenda estava indo para cima dele e ele não sabia até quando ia conseguir aguentá-la batendo nele toda hora, que preferia separar”, esclareceu Tauane.
Segundo a sobrinha, Brenda apareceu na residência da família minutos depois. Ela chamou Felipe para conversar e o casal se resolveu. “A minha vó fez almoço para ela, botou almoço no prato”, disse Tauane.
Ainda segundo a familiar, o casal voltou para casa e no dia seguinte participou de um churrasco na residência da mãe de Brenda. Tauane contou que conversou com uma amiga da suspeita que estava no evento e a mulher garantiu que o casal estava trocando carinhos no local.
No mesmo dia, Felipe foi esfaqueado e morreu. “Ela foi muito fria, muito calculista, eu não sei se ela planejou isso tudo no sábado [dia anterior ao crime]”, afirmou a sobrinha de Felipe.
Tauane explicou que cresceu com o tio como se fosse irmão, pois a diferença de idade deles é de um ano. “Ele era muito tranquilo”, descreveu a familiar, dizendo que Felipe é de uma família composta por muitas mulheres e sempre cuidou delas com carinho e respeito.
A sobrinha ainda disse que o tio não tinha histórico de agressões com ex-companheiras. “É inacreditável alguém conseguir acreditar no que essa mulher [Brenda] fala”, finalizou.
Um grupo de aproximadamente 100 pessoas se reuniu neste domingo (10), em Praia Grande, no litoral de São Paulo, para pedir Justiça.
Conforme apurado pelo g1 junto à família de Carlos Felipe, a manifestação começou no bairro Samambaia e terminou na orla da praia. Pessoas próximas ao rapaz afirmaram que este era o lugar favorito dele, que também era surfista.
O grupo acrescentou que, no próximo domingo, planeja fazer uma nova manifestação, mas desta vez em Ribeirão Preto, no local onde o jovem foi morto.
Protesto sobre o caso de Carlos Felipe Camargo da Silva aconteceu neste domingo (10), em Praia Grande (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Na noite do dia 3, um domingo, o irmão de Carlos explicou à polícia que o corretor foi até a casa em que moram a mãe e o irmão com seus pertences e pediu para voltar a morar lá.
De acordo com o relato do irmão, em seguida, a namorada da vítima também foi à casa e, do lado de fora, conversaram por cerca de 10 minutos. Depois da conversa, ele teria voltado com a mulher para a casa onde viviam.
O irmão também informou à Polícia Civil que, horas após o casal ir embora, recebeu uma ligação da mãe da suspeita, afirmando que o corretor teria sofrido um acidente e falecido, mas sem explicar o motivo da morte.
Ao chegar à UPA Norte, para onde a vítima foi levada, o irmão da vítima foi informado que ele havia sido esfaqueado.
Corpo de Carlos Felipe, de 29 anos, foi sepultado em Praia Grande (SP) — Foto: Reprodução/Redes sociais
Felipe cresceu em Praia Grande (SP) e há cerca de quatro anos, se mudou para Ribeirão Preto onde passou a viver junto à mãe e ao irmão.
Na cidade, o corretor de imóveis conheceu Brenda Caroline Pereira Xavier, de 29 anos, com quem mantinha um relacionamento amoroso há sete meses.
Após iniciar o namoro, ele se mudou da casa da mãe e passou a morar junto com Brenda, no bairro Ribeirão Verde. Em poucos meses, o casal passou também a trabalhar junto, com fotografias.
Definido pelos familiares como “querido, trabalhador e esforçado”, o corretor chegou a ser socorrido na noite do crime, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos.
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