Uma família que fugiu da Ucrânia por conta da guerra com a Rússia busca por um ‘recomeço’ em Santos, no litoral de São Paulo. Ao g1, a designer Hainaya Paes Komatsu, de 34 anos, que nasceu na cidade da Baixada Santista, revelou que ela, o marido ucraniano e os três filhos precisam dormir em albergues enquanto não se estabilizam no local.
Além de Hainaya, apenas a filha mais velha do casal, Nicole Komatsu, de 9 anos, é brasileira. O marido, Andrii Viacheslavovich, de 34 anos, e os outros dois filhos, Lev Andriyovich, de 2 anos, e Lis Andriivna, de 10 meses, são ucranianos.
Os cinco estavam entre os 68 refugiados da Ucrânia resgatados por dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) em março. Com medo, eles deixaram a casa em Irpin, cidade localizada na província de Kiev, capital ucraniana, e seguiram rumo à Polônia, antes de pegarem o voo para o Brasil.
Mesmo de volta à cidade natal, Hainaya não tem mais contato com os familiares de sangue. Ela disse que os cinco chegara a passar alguns meses em casas de conhecidos, mas, hoje, se encontram sem-teto.
Não deu certo ficar na casa de colegas porque temos três crianças, fora que a situação [econômica] está difícil para todo mundo. Fomos para albergues e, hoje, estamos acolhidos em uma igreja na cidade
— Hainaya Paes Komatsu, designer
Sem emprego, o casal mantém a família a partir de doações, mas não fica parado. A designer e o marido, que é músico com mestrado na área, buscam por oportunidades. “Estamos correndo atrás. Enviamos currículo para vários lugares. Precisamos de uma chance para ‘alavancarmos’ nossas vidas”.
Família refugiada em Santos, SP, busca por oportunidades para ‘recomeço’ — Foto: Arquivo Pessoal
Ao g1, o marido da brasileira, Andrii Viacheslavovich, revelou não ter sentido medo de um possível recrutamento para a guerra, que não aconteceu por conta do tamanho da família. Segundo ele, o mairo receio maior era perder a chance de acompanhar a vida dos filhos.
Não tive medo de morrer mesmo sem ter treinamento militar algum. O meu medo era não poder ver as minhas crianças crescerem.
— Andrii Viacheslavovich, músico ucraniano refugiado no Brasil
Ainda de acordo com Hainaya, apesar da cidade em que moravam não ter sido atingida, os reflexos da guerra eram visíveis mesmo à distância. “Da janela víamos muitas coisas ruins”.
Uma vez no Brasil, a família não deseja mais voltar à Ucrânia. “Mesmo que acabe, não é tão seguro. Existe o risco das minas, de bombas. A gente mora em uma área que é perto da floresta, então, é perigoso para as crianças”, afirma Hainaya.
Com a decisão de permanecer no país, o objetivo agora é arrecadar mantimentos e, para isso, a família conta com a ajuda da advogada Tidelly Santana, que se solidarizou com os refugiados após conhecer a história.
“A família deixou uma casa, a rotina e a vida para trás, tudo para fugir da guerra. Saíram com dois filhos pequenos e uma recém-nascida nos braços. Como advogada, pretendo dar apoio jurídico no que for necessário e, pessoalmente, pretendo angariar recursos por meio de uma vaquinha on-line para que a família possa se reconstruir”, complementou.
Família refugiada em Santos, SP, conta com ajuda para se manter no local — Foto: Reprodução/Redes Sociais
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