Acompanhamento semanal dura entre 45 minutos e 1 hora; objetivo é preparar os cuidadores para a missão de ajudar na qualidade de vida dos acamados
O sorriso no rosto de Roberto Matias Silva da Luz, de 26 anos, é uma das maiores conquistas do trabalho realizado pela fonoaudióloga do Serviço de Internação e Atendimento Domiciliar (Siad) da Prefeitura de Guarujá, Priscila Maria Loureiro Capps Conti. Ele tem grande parte do corpo enrijecido após dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) em dois anos, incluindo ainda uma parada cardiorrespiratória e confirmações para covid-19, meningite, hidrocefalia e tuberculose.
“Ele melhorou muito. Agora, nós temos uma comunicação pelo olhar. Ele emite sons quando quer dizer algo e consigo entender suas expressões e o que está sentindo. A alegria quando ele vê os filhos, de 12 e 7 anos, também é algo lindo de se observar”, comemora a mãe e cuidadora, Carla Edith Magarone Matias, de 49 anos.
Atendido semanalmente por Priscila em sua casa, no Pae Cará, Matias, como gosta de ser chamado, tem como lição de casa aumentar a percepção da própria boca, conseguir engolir a saliva e voltar a sentir prazer de se alimentar com segurança. “É necessário fazermos um balanço calórico e de nutrientes, variando a alimentação pela boca e pela sonda. É necessário um vínculo com o paciente e não apenas devolver a função perdida, mas proporcionar mais qualidade de vida. Queremos ainda ressignificar a comida para ele, resgatando na memória o que é comer”, explica Priscila, que cuida de 185 pacientes.
Atendimento humanizado
O olhar humanizado é o grande diferencial no Siad, sempre aliado à capacidade técnica. “O que é pouco para muitos, é bastante para a gente. Só de ouvir o Mathias fonar as vogais e resmungar quando está bravo faz o trabalho valer a pena. Não podemos julgar o paciente pela lesão ou estado atual, muito menos deixar de investir. É preciso estimular para ver até onde cada um pode chegar”, destaca Priscila.
Entre os ganhos dos pacientes, estão reabilitação de deglutição e fala, ou quando não há essas possibilidades, oferecer alternativas de comunicação entre o paciente e a família. O trabalho é focado principalmente em ensinar os cuidadores, em casa, para que eles consigam colocar em prática, todos os dias, as técnicas aprendidas.
A coordenadora do Siad explica que o conforto de ter a saúde no lar é acessível para todos os acamados do Município. “O acompanhamento da fono, por exemplo, é semanal e dura entre 45 minutos e 1 hora. O atendimento precoce, de até três meses, pode evitar que lesões agudas se tornem crônicas”, alerta.
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