G1 Mundo

França quer proibir ‘discriminação capilar’ contra corte, cor, comprimento e textura do cabelo

today28 de março de 2024 5

Fundo
share close

A Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados) da França aprovou na quinta-feira (28), em primeiro turno, um projeto de lei contra a “discriminação capilar”, em particular no local de trabalho, apesar das críticas de alguns analistas sobre a utilidade da iniciativa.

Promovido por Olivier Serva, deputado independente pelo departamento francês de ultramar de Guadalupe, o texto pretende acrescentar “o corte, a cor, o comprimento ou a textura do cabelo” à lista de discriminações que podem ser punidas por lei.

O texto, que foi aprovado por 44 votos a favor e dois contrários, deve ser debatido agora no Senado, onde o resultado da votação é incerto.



“Na França, a discriminação baseada na aparência física já é sancionada, na teoria”, declarou Serva. “Mas há uma lacuna entre a teoria e a realidade”, destacou.

O deputado mencionou “as mulheres negras que se veem obrigadas a alisar o cabelo” antes de uma entrevista de emprego, “as pessoas ruivas, vítimas de muitos preconceitos negativos” e os “homens calvos”.

“Estou aqui com minhas tranças. Minhas perucas. Quando me candidatava a alguns empregos, me pediam para alisar o cabelo”, disse a deputada negra Fanta Berete, integrante da maioria presidencial.

Leis similares existem em quase 20 estados dos Estados Unidos, que identificaram a discriminação capilar como uma expressão de racismo.

No Reino Unido, a Comissão para a Igualdade e os Direitos Humanos publicou diretrizes contra a discriminação capilar nas escolas.

Serva mencionou um estudo norte-americano que mostra que 25% das mulheres negras entrevistadas afirmaram que perderam vagas em processos seletivos devido à forma como usavam o cabelo nas entrevistas de emprego.

Este tipo de estatística é difícil de encontrar na França, que proíbe a compilação de dados pessoais que mencionem a raça ou a origem étnica de uma pessoa com base nos princípios “universalistas” da República Francesa.

O projeto de lei não contém, de fato, o termo “racismo”, observou Daphné Bedinade, antropóloga social. Ela destacou que a omissão é problemática.

“Fazer que isto trate apenas de discriminação pelo cabelo é mascarar os problemas das pessoas cujo cabelo as tornam objeto de discriminação, em sua maioria mulheres negras”, declarou ao jornal Le Monde.

Para a ministra da Igualdade de Gênero, Aurore Bergé, o texto tem o “mérito de evidenciar este tipo de discriminação”, embora a lei “já nos permita lutar” contra ela.

Alguns críticos do texto o consideram desnecessário porque a discriminação baseada na aparência física já é proibida por lei. “Não há nenhuma brecha legal”, disse Eric Rocheblave, advogado especializado em direito trabalhista.




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

Esta notícia é de propriedade do autor (citado na fonte), publicada em caráter informativo. O artigo 46, inciso I, visando a propagação da informação, faculta a reprodução na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos.

Avalie

Post anterior

lula-recebe-presidente-frances,-emmanuel-macron,-em-cerimonia-no-palacio-do-planalto

G1 Mundo

Lula recebe presidente francês, Emmanuel Macron, em cerimônia no Palácio do Planalto

O evento na capital federal marca o último dia da passagem de Macron pelo país. No país desde terça-feira (26), ele também visitou Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Lula recebe presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Planalto — Foto: TV Globo/Reprodução Durante a tarde, Macron e Lula fazem uma declaração à imprensa e participam de um almoço no Palácio do Itamaraty. O francês também tem uma agenda […]

today28 de março de 2024 5

Publicar comentários (0)

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.


0%