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Grupo de mulheres intensifica buscas por brasileira desaparecida há mais de 10 dias na França: ‘Não vamos desistir’

today17 de maio de 2023 15

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Fernanda Santos de Oliveira, de 44 anos, natural de Botucatu, no interior de SP, não é vista desde o último dia 6 de maio, quando saiu de casa sem documentos e celular, levando apenas uma bolsa de mão, um trotinete – semelhante a um patinete elétrico – e o passaporte.

Para localizá-la, um grupo de apoio a mulheres imigrantes, a Associação Mulheres na Resistência de Paris, presidido por uma brasileira, está realizando buscas pela cidade parisiense e tenta entender os motivos do desaparecimento.

Grupo de mulheres faz buscas por Paris atrás de brasileira que desapareceu — Foto: Associação Mulheres na Resistência de Paris/Divulgação



No sábado (13), um mutirão para procurar a brasileira foi realizado com distribuição de cartazes com fotos de Fernanda nos principais pontos da capital, como estações e parques. Na próxima quinta-feira (18), uma nova ação será realizada.

“Pessoas da comunidade brasileira e de imigrantes aderiram e começamos a fazer esse movimento para encontrá-la. Distribuímos tarefas, com um grupo de duas a três mulheres que foram para bairros diferentes. Já fizemos buscas em hospitais públicos e privados aqui na França, hospitais psiquiátricos. Estamos ainda com uma lista muito grande de hospitais privados, não conseguimos concluir todos”, comenta Nellma Barreto, presidente da Associação Mulheres na Resistência de Paris.

Fernanda, de Botucatu (SP), durante visita a Ibiza; brasileira desapareceu na França — Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Nellma Barreto, sua associação foi alertada na noite de quinta-feira (11), seis dias depois do desaparecimento de Fernanda, após ter sido avisada pela família da brasileira, e realizou um boletim de ocorrência na sexta-feira (12). Segundo ela, o desaparecimento já havia sido sinalizado à polícia pela patroa de Fernanda, no restaurante, no dia anterior.

“É um dever do estado e da polícia francesa fazer as investigações, montar esse quebra-cabeça que ainda está muito difícil e tentar localizá-la sã e salva. Nós não vamos desistir, nem sair das ruas até ter uma resposta concreta sobre o que aconteceu com Fernanda”, diz Nellma.

O sumiço de Fernanda também vem mobilizando e causando angústia em familiares no Brasil. Ao g1, a irmã Maria Aparecida de Oliveira, de 52 anos, afirmou que o último contato foi no dia 3 de maio. “Conversamos rapidamente porque ela estava no metrô. Ela disse que me ligava assim que chegasse em casa, mas não ligou. Depois, não consegui mais contato”, contou.

“Nós todos estamos angustiados. Falávamos com ela todos os dias e, de repente, ela desapareceu. Foi uma surpresa, um mistério ela ter sumido assim.”, comenta a irmã.

O g1 entrou em contato com o Consulado Brasileiro na capital francesa, que, em nota, afirmou que também acompanha o caso desde quinta-feira (11), após contato de familiares.

Ainda no comunicado, o Consulado pontuou que buscas diárias estão sendo realizadas junto à polícia, hospitais e Instituto Médico Legal. No entanto, sem resultado até o momento.

Cartazes em busca de brasileira foram espalhados em pontos estratégicos de Paris — Foto: Arquivo Pessoal

Um dos cartazes espalhados por Paris durante mutirão de busca da brasileira Fernanda Santos Oliveria, que desapareceu em Paris, em 6 de maio de 2023. — Foto: Association Femmes de la Résistance

Na capital francesa, Fernanda conseguiu um emprego em restaurante de culinária portuguesa e mantinha ainda dois bicos como faxineira. Contanto, vivia ilegalmente no país e estava em busca de regularizar a situação.

“Estava feliz, morava perto do Rio Sena e da Torre Eiffel, num lugar bom. Ela queria regularizar o visto dela e ficar por lá mesmo”, diz a irmã de Fernanda.

Nellma Barreto suspeita que Fernanda poderia estar sofrendo assédio sexual em um dos trabalhos. “Nós sabemos que mulheres imigrantes são mulheres em situação de vulnerabilidade. Algumas amigas informaram que em um dos trabalhos, Fernanda já vinha sofrendo assédio sexual, mas, como acontece com inúmeras mulheres brasileiras, elas acabam não denunciando por estar numa situação irregular”, lamenta.

Fernanda Santos de Oliveira, de Botucatu (SP), está há 9 dias desaparecida em Paris — Foto: Arquivo Pessoal

Desde o dia 5 de maio, Fernanda não aparece para trabalhar. Já os familiares afirmam que ela foi vista pela última vez por vizinhos no dia 6.

Uma das últimas pessoas a encontrar Fernanda teria sido uma de suas vizinhas, no sábado de seu desaparecimento. Na ocasião, a brasileira teve um surto, sendo necessário o acionamento dos Bombeiros. No local, porém, ela disse para os agentes que se sentia bem e que não tinha problemas.

“O que foi informado é que ela deu um surto no sábado à noite, os Bombeiros foram chamados, mas ao chegarem no local, ela estava bem. Eles não reportaram nenhum problema nela para encaminhá-la para algum hospital e foram embora. Foi então a última vez que a Fernanda foi vista”, revela Nellma.

Apesar desse episódio, Fernanda era tida como uma pessoa “centrada” e que não dava “sinais de que estava passando por algum problema”.

“Ela estava em situação irregular, mas era uma pessoa que trabalhava em três lugares diferentes. Era uma pessoa super centrada, não faltava ao trabalho. Até o momento, nenhuma pessoa que esteve com ela durante a semana que ela desapareceu, deu algum sinal de que ela estaria passando por algum problema”, diz Nellma.

Desaparecimento de brasileira em Paris vem mobilizando amigos na França — Foto: Arquivo Pessoal

Sonho de morar no exterior

“A Fernanda trabalhou por mais de dez anos em uma indústria de Botucatu e, quando saiu, passou a fazer bicos como cuidadora, de motorista para idosos que precisavam ser levados a consultas médicas. E sempre foi muito estudiosa, sonhadora e esforçada”, detalha a irmã Maria Aparecida.

Fernanda Santos de Oliveira, natural de Botucatu (SP), está desaparecida desde o dia 6 de maio — Foto: Arquivo Pessoal

Desde que chegou na França, em abril de 2022, Fernanda já conseguiu conhecer Amsterdã, na Holanda, e Ibiza, na Espanha. “Ela sempre me disse que queria viajar, conhecer o mundo”, afirma a irmã.

Antes de ir para a França, onde uma prima já vivia, Fernanda tentou o visto para os Estados Unidos, mas não teve sucesso. “Antes de ir para a Europa, ela nunca havia saído do Brasil”, revela Maria.

A irmã conta também que Fernanda sempre foi muito apegada aos familiares e tem um filho de 23 anos, que lhe deu um casal de netos, uma menina com três anos e um menino de 11 meses. “O menor ela só conheceu por fotos e vídeos, todo domingo ela falava com eles por vídeo.”

Fernanda tem um filho de 23 anos no interior de SP — Foto: Arquivo pessoal

Maria relata também que irmã não tem costume de sumir e ficar sem dar notícias. “Ela conta tudo para a gente, dizia que vinha estudando francês e gostava de ser arrumar. É uma mulher muito bonita, bem cuidada.”

Segundo a irmã, Fernanda mora há pouco mais de um ano em Boulogne-Billancourt, região do subúrbio de Paris.

“Ela foi em abril do ano passado, viveu um tempo com uma parente nossa e acabou ficando por lá. Essa pessoa foi para os Estados Unidos e ela ficou morando sozinha. Arrumou um lugar e um emprego”, comenta a irmã.

Busca por brasileira desaparecida em Paris já passou do 8º dia — Foto: Arquivo Pessoal

Membros de associações brasileiras na França, amigos e colegas de trabalho espalharam cartazes com a foto de Fernanda em pontos estratégicos da cidade. Eles também divulgaram fotos da brasileira em jornais franceses. Nas redes sociais, as organizações pedem informações sobre o sumiço de Fernanda.

Não há informações concretas sobre o paradeiro da brasileira. As autoridades francesas seguem investigando o caso.

Associações na França mobilizam buscas por brasileira desaparecida em Paris — Foto: Instagram/Reprodução

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Por: G1

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