A Polícia Civil apurou que ele conversou pelo Facebook com a vítima se passando por uma mulher que vendia fotos sensuais. Depois da atração, ele fingiu ser o responsável por ela e revelou que, na verdade, tratava-se de uma adolescente. Ele pedia dinheiro à vítima para não denunciar o suposto caso de pedofilia.
Na época, o g1 apurou que o jovem criou diversos perfis ‘fakes’ nas redes sociais. Ele usava fotos de atrizes, que têm imagens sensuais divulgadas abertamente na internet, para atrair homens acima dos 40 anos. O condenado foi preso em junho de 2023, no bairro Vila Antunes, quando tinha 24 anos.
De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o réu foi condenado a 8 anos e 4 meses de prisão em regime inicialmente fechado na quarta-feira (22).
A denúncia do promotor de Justiça Rodrigo Serapião indicou que, após atrair as vítimas, ele vendia outros conteúdos aos interessados via mensagem particular e depois extorquia os homens.
Sob ameaça de ser denunciado, o homem de 58 anos fez sete transferências bancárias em maio de 2023 para mais de uma conta do denunciado. Um dia depois da última extorsão, ele tirou a própria vida perto de onde trabalhava.
Acusado se passou por mãe de ‘adolescente’ para extorquir vítima — Foto: Reprodução
Imagens do celular da vítima que atentou contra a própria vida, obtidas pelo produtor Luiz Linna, da TV Tribuna, afiliada à Rede Globo, mostram parte da chantagem feita pelo jovem. Neste caso, ele fingiu ser a mãe da ‘adolescente’ e pediu dinheiro para que o ‘marido’ mandasse a filha embora com a ‘avó’, que supostamente pretendia denunciar a situação.
“Dei R$ 250 hoje”, disse a vítima. “Sim, mas meu marido precisa desse dinheiro [maior quantia] para mandar a [suposta filha] embora com a vó. Depois do acontecido, ela não para de falar que deveríamos denunciar”, ameaçava o criminoso.
A prima do suspeito foi interrogada e negou a participação direta no crime, alegando que ‘apenas’ emprestou a própria conta bancária para o recebimento dos valores. Ela disse desconhecer a origem criminosa do dinheiro.
Como funciona o ‘golpe dos nudes’?
Criminosos usam redes sociais para aplicar o ‘golpe dos nudes’ — Foto: Banco de Imagens/Pixabay
Ao g1, os advogados Thyago Garcia e Matheus Tamada explicaram que o golpe dos nudes ocorre quando o criminoso atrai a vítima usando perfis públicos nas redes sociais com conteúdo sensual ou pornográfico. Depois, induz a vítima a comprar imagens íntimas e chantageia a pessoa, levando-a a acreditar que a mulher da foto é menor de idade.
“O criminoso se vale de um esquema que combina elementos de fraude, ameaça, e exploração de vulnerabilidades legais e sociais da vítima para obter vantagem financeira e, em muitos casos, perpetuar o controle sobre a vítima através de um ciclo contínuo de extorsão”, explicou Thyago.
Segundo eles, a extorsão nesse caso é agravada pelo fato de envolver suposta pornografia infantil, o que se caracteriza um crime gravíssimo com penas severas, conforme o Art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“O ‘golpe dos nudes’ tem se tornado significativamente mais comum com a ascensão das redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas”, afirmou Thyago. A tendência, segundo ele, pode ser explicada por vários fatores, que incluem o aumento da acessibilidade e da exposição pessoal online, além da falsa sensação de anonimato que as redes sociais proporcionam.
Além da extorsão, a prática pode envolver outros crimes, como falsa acusação e crime de falsidade ideológica. Para não cair no golpe, deve-se evitar compartilhar imagens íntimas nas redes sociais, manter a privacidade das contas virtuais, desconfiar de contatos que solicitam fotos íntimas ou informações pessoais. Além disso, usar configurações de segurança nos dispositivos eletrônicos de redes sociais.
Os advogados ressaltam que, ao notar ter caído no golpe, a vítima deve:
- Não ceder à chantagem e não realizar nenhum pagamento;
- Coletar todas as provas possíveis, como capturas de tela das conversas e mensagens;
- Imediatamente registrar um boletim de ocorrência na delegacia de polícia
- Procurar assistência jurídica para orientação adequada sobre os passos a seguir.
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