Agamenon dos Santos, de 35 anos, tem sido chamado de herói desde que pulou de uma travessia de balsa para salvar uma mulher, de 48, que caiu e ficou presa embaixo do transporte marítimo que faz o transporte de pedestres e ciclistas entre Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo. Ao g1, porém, o homem contou, nesta segunda-feira (4), que não se sente como tal.
“Não me sinto assim [herói]. O pessoal fica chamando, mas não me sinto. Só desci para ajudar a pessoa em sofrimento”, disse ele, que trabalha como armador.
Vivian Burato Silva caiu da balsa após o transporte chegar próximo ao atracadouro, do lado de Guarujá. Segundo apurado pelo g1, durante a manobra ficou um vão entre a balsa e área de desembarque, momento em que ela caiu na água.
Agamenon contou que se sente bem por ter ajudado, mas ainda não processou o motivo que o fez agir dessa forma. “Seria um sofrimento grande para a família [dela]. Perdi um tio, não dessa forma, mas sei como é o sofrimento para a família”.
De acordo com ele, essa foi a primeira vez que pulou da balsa para socorrer uma vítima, mas na praia já auxiliou outras pessoas em situação de afogamento. “Fiquei feliz de ter ajudado, tirado ela dali e aliviado o sofrimento dela que estava muito desesperada”.
O armador disse que estava próximo ao portão de saída quando ouviu uma multidão gritando que uma mulher tinha caído na água, mas resolveu voltar. “Eu pulei e ela não estava mais no lugar que caiu, estava do outro lado e já debaixo da balsa”.
Ele contou, ainda, que mantém contato com Vivian e o marido dela. Durante o resgate, o armador chegou a machucar o pé. “Eles ficam perguntando se preciso de ajuda e ela me agradece sempre”. O homem explicou que um ferro cortou o pé dele e, por isso, está com dor para pisar no chão.
Mulher caiu no mar durante a travessia de balsas entre Santos e Guarujá e ficou presa embaixo da embarcação — Foto: Arquivo Pessoal
Vivian contou que havia deixado o trabalho em Santos e voltava para Guarujá, onde mora. “A balsa em que eu estava era a FB-14. Quando eu fui sair ela recuou e ficou um espaço, nisso eu cai na água. Na sequência, o transporte retornou para próximo do atracadouro e eu fiquei presa embaixo [da embarcação], me afogando”.
Ela foi salva após o piloto recuar a balsa mobilizado com os gritos dos passageiros pedindo ajuda. “A balsa se afastou e um homem pulou na água e se arriscou para me resgatar. Na sequência, os outros passageiros jogaram uma boia para me ajudar e conseguimos ficar em segurança”, explicou a mulher, que não sabe nadar.
Segundo a vítima, foram 20 minutos de angústia, entre a queda no mar e o socorro em terra. Naquele momento, de acordo com ela, um homem se identificou como coordenador de operações do transporte e disse que, no dia seguinte, a empresa entraria em contato para ressarcir a bicicleta e o celular que ela perdeu.
Vivian contou que. mais calma, conseguiu ligar para o marido que a levou ao hospital Casa de Saúde de Guarujá. “Quando eu dei entrada fui para a emergência e os médicos fizeram diversos exames. “Eu estou com vários arranhões na testa, no joelho, um machucado no nariz, no braço e o pé torcido. Mas, graças a Deus, não tenho fraturas”, contou.
O g1 entrou em contato com o Departamento de Imprensa da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) que informou que registrou acidente no atracadouro misto da embarcação FB-14 do lado Guarujá, onde uma ciclista caiu no mar.
De acordo com o órgão, as equipes do Departamento Hidroviário (DH) seguiram os protocolos de atuação e imediatamente auxiliaram no socorro da vítima, que foi resgatada com segurança e atendida pela equipe operacional.
Mulher caiu após balsa recuar e ficou presa embaixo de equipamento no litoral de SP — Foto: Arquivo Pessoal
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