As práticas de manejo e a idade das bananeiras influenciam as emissões de gases de efeito estufa em solos de plantação de bananas. A descoberta é resultado de um trabalho desenvolvido por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente, em Registro, na região do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo.
“Embora muito se saiba sobre sua fisiologia [das bananas], demandas nutricionais, melhores [formas de] cultivar e sobre o manejo integrado de pragas e doenças, pouco se sabe sobre os impactos ambientais do cultivo convencional da bananeira”, afirma a chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, Ana Paula Packer.
Ao g1, Ana Paula explicou que o bananal acaba mexendo muito no solo, causando desiquilíbrio e aumentando as emissões de gases efeito estufa. Segundo ela, no começo do cultivo, ou seja, quando os bananais são mais jovens, o impacto é maior. Acabam gerando um desequilíbrio no solo.
No caso de um bananal mais velho, por conta da ciclagem de nutrientes [absorção dos nutrientes minerais disponíveis no solo pelas plantas], ele diminuí as emissões e aumenta o acúmulo de carbono no solo.
Ela diz, portanto, que, nas plantações mais velhas, o efeito do aporte de nitrogênio e as condições ambientais [temperatura do solo e do ar, radiação direta e disponibilidade de água no solo] no aumento do fluxo líquido de gases de efeito estufa são reduzidos.
O preparo do solo, incluso nas práticas de manejo, realizado mais recentemente em plantações jovens, é um dos fatores que leva a maiores emissões. Sendo assim, de acordo com a pesquisa, a atual prática de manejo adotada nas plantações de banana pode resultar em impactos negativos na sustentabilidade ambiental, principalmente na região do Vale do Ribeira, que possui as últimas áreas do bioma Mata Atlântica ainda intactas.
Ana Paula afirma que é necessário ter um olhar diferenciado para as práticas conservacionistas. “Elas reduzem as emissões de gases de efeito estufa, e não só isso, reduzem o impacto ambiental e aumentam a sustentabilidade”, conta.
Entenda as práticas de manejo da banana
O manejo convencional da superfície do solo inclui aração e gradagem até aproximadamente 30 cm, onde se concentra a maior parte das raízes da bananeira. As plantações jovens e bem estabelecidas apresentam diferentes arranjos de manejo em vários estágios de desenvolvimento da planta e condições do solo.
Quando as plantas ainda estão jovens, após o primeiro preparo, o solo permanece nu. Até a reforma do pomar, há tráfego de máquinas e pisoteio humano. Já no manejo de bananeiras maduras, são inclusos remoção de folhas, perfilhos de árvores e outros materiais vegetais que são deixados para se decompor sobre o solo e tendem a se acumular ao longo do tempo.
As plantações de bananas são fertilizadas anualmente com fertilizantes inorgânicos até 13 vezes ao ano. Os agroquímicos são aplicados frequentemente, incluindo fungicidas, nematicidas e ocasionalmente herbicidas, além do calcário anualmente.
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