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Uma idosa de 70 anos que há décadas vive as sequelas da poliomielite (paralisia infantil) teve que se adaptar para driblar as adversidades. Ela ‘anda com os joelhos’ e usa borracha de pneu como calçado. Nair Werneck de Ponte mora em Apiaí, no interior de São Paulo, e contou ao g1 que, quando criança, se arrastava com o quadril no chão. Ela só descobriu que dava para ‘caminhar’ com os joelhos ao jogar futebol com os amigos.
Nair disse ter contraído poliomielite aos cinco meses de vida, quando ficou com a perna direita imóvel. Em vez dos primeiros passos, ela se arrastava sentada, e dessa forma se locomoveu até os nove anos.
Um dia, jogando futebol com os irmãos, ela teve a ideia de enrolar tecidos nos joelhos e começou a engatinhar, pois, como era goleira, ficava mais fácil para brincar.
Nair Werneck de Ponte, moradora de Apiaí, ‘anda’ com os joelhos há pouco mais de 60 anos — Foto: Reprodução/Apiaienses Bravos e Arquivo pessoal
Sempre cobrindo os joelhos para não machucar, Nair se adaptou e passou a ‘andar’ com os joelhos, como faz até hoje. Ela contou que, quando não tem onde se apoiar, como nas idas ao quintal, precisa engatinhar para se sentir mais segura. A idosa ainda conta com uma cadeira de rodas, que é usada quando precisa ir ao centro da cidade
Nair desenvolveu o próprio ‘calçado’. Ela vai ao borracheiro em busca pneus e, depois que os consegue, envolve a borracha em panos e as prende aos joelhos.
“Ai eu vou longe. Cuido da minha plantação, trabalho na roça e faço de tudo um pouco. O que estiver ao meu alcancei eu faço. Eu adoro o meu trabalho no campo. Eu planto de tudo, só não planto dinheiro”, disse.
Moradora de Apiaí envolve as borrachas de pneus com panos e as prende aos joelhos para ‘caminhar’ com mais conforto — Foto: Arquivo pessoal
Nair confessou já ter sofrido muito preconceito e enfrentado olhares ‘maldosos’ quando precisa sair de casa. “Na cidade eu uso cadeira de rodas, e o pessoal acha que eu vou pedir alguma coisa. Se estou parada na calçada, tem gente que dá a volta para não passar por perto de mim”.
“Eu não acho que a deficiência seja um problema, eu não reclamo. Eu agradeço a Deus por me dar saúde e coragem para enfrentar o meu dia na roça”, disse.
Nair afirma que a deficiência não é um problema e que está adaptada a andar de joelhos — Foto: Apiaienses Bravos
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