Depois do tsunami seguido do acidente nuclear de 2011, milhares de litros de água foram utilizados para esfriar os reatores de Fukushima. Nos últimos 12 anos, o rejeito foi misturado a águas da chuva e lençóis freáticos e armazenado em grandes cisternas. No entanto, o Japão não tem mais espaço para estocar esse material contaminado.
O país garante ter tratado os cerca de 1,32 milhões de toneladas de água, retirando dela uma grande parte das substâncias radioativas. O processo foi acompanhado de perto pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que recentemente deu seu sinal verde para que o rejeito possa ser despejado, a partir de junho, no oceano Pacífico.
A população sul-coreana se preocupa, no entanto, com essa autorização, argumentando que as tecnologias atuais permitem retirar apenas uma parte das substâncias radioativas. Algumas delas, como o trítio, não podem ser tratadas, o que preocupa particularmente os pescadores. No entanto, a AIEA garante que o projeto está dentro das normas internacionais.
Foto aérea da planta de Fukushima feita na manhã desta quinta-feira. Um alarme foi disparado, mas não houve incêndio — Foto: via AP
Divergências não resolvidas entre o Japão e a Coreia do SulSe outros países asiáticos, como a China e Taiwan, expressaram seu desacordo com a decisão do Japão de despejar a água contaminada no Pacífico, a Coreia do Sul foi particularmente veemente. A desconfiança se explica pelas divergências não resolvidas entre os dois países em torno das violências do Estado japonês durante a colonização da península, entre 1905 e 1945. Durante o governo sul-coreano precedente, as relações entre os países vizinhos se degradaram a ponto de resultar em uma verdadeira guerra comercial.
Nos Jogos Olímpicos de 2021 em Tóquio, a delegação sul-coreana levou sua própria comida por medo que os atletas consumissem alimentos radioativos. Além disso, importações de peixe de oito cidades japonesas continuam proibidas na Coreia do Sul.
O atual presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, se esforçou nos últimos meses para tentar retomar os laços com o Japão, fazendo várias concessões sobre questões históricas. Em retorno, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida convidou especialistas sul-coreanos a observar o processo de tratamento das águas contaminadas de Fukushima. No entanto, a iniciativa não foi suficiente para convencer a opinião pública da Coreia do Sul até o momento.
Legitimação de projeto japonês
O medo de parte da população sul-coreana é que a visita da delegação do país a Fukushima sirva apenas para legitimar o projeto japonês. Os detalhes da missão realizada por 21 especialistas permaneceram vagos durante muito tempo e resultaram em longas negociações entre Seul e Tóquio. Após encontros com autoridades japonesas na segunda-feira (22), a central é inspecionada nesta terça (23) e quarta (24), antes que a equipe volte para Seul na sexta-feira (26).
As conclusões serão acompanhadas com forte interesse pela população sul-coreana, onde o sentimento antijaponeses e nacionalista continua intenso, especialmente entre os opositores de Yoon Suk-yeol. A questão é sensível para o presidente, impopular após um ano de mandato e com uma legitimidade política ligada à sua aproximação de Washington e Tóquio.
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Por: G1
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