G1 Mundo

Justiça do México descriminaliza aborto: o que acontece agora?

today7 de setembro de 2023 6

Fundo
share close

Em sentença proferida pela Primeira Turma do tribunal, os ministros afirmaram “que é inconstitucional o sistema jurídico que pune o aborto no Código Penal”.

Os juristas argumentaram que a criminalização “viola os direitos humanos das mulheres e das pessoas com possibilidade de gestar”.

Com esta decisão, a interrupção voluntária da gravidez não poderá ser punida se for praticada em instituições de saúde administradas pelo governo federal.



Até o momento, 10 Estados mexicanos já permitiam em suas legislações o aborto — na maioria, até as 12 semanas de gestação.

A resolução da Primeira Turma torna efetivo o direito à não criminalização do aborto nacionalmente por ser uma decisão que não pode mais ser contestada em tribunais inferiores.

A interrupção da gravidez por casos de estupro, malformações ou risco para a mãe já era permitidas por lei.

A partir da resolução desta quarta-feira, o Congresso deverá regulamentar a prática para todos os outros casos.

Decisão não invalida automaticamente as leis estaduais — Foto: Luis Barron/Eyepix Group/Future Publishing Via Getty Images/Via BBC

Entretanto, a decisão não invalida automaticamente as leis estaduais que ainda criminalizam o aborto.

O que muda, por enquanto, é que os juízes de todas as instâncias deverão seguir a jurisprudência em casos que cheguem à Justiça.

Os cinco ministros da Primeira Turma — quatro homens e uma mulher — analisaram uma ação apresentada pela organização feminista Grupo de Información en Reproducción Elegida (GIRE) sobre os artigos 330 a 334 do Código Penal, que previa pena de prisão para abortos feitos em instituições federais de saúde.

A organização disse esperar que a decisão estimule outros Estados que ainda criminalizam a prática a alterarem suas legislações.

Antes da decisão, organizações contrárias ao aborto haviam pedido que a Suprema Corte mantivesse o entendimento do aborto como um crime.

As organizações Activate e Pasos Por la Vida haviam anunciado que entregaram “8.200 asssinaturas de cidadãos exigindo que se respeite e proteja o ser humano em gestação e a mulher grávida”.

Decisão de 2021 abriu caminho para descriminalização nacional

Os ministros Alfredo Gutiérrez, Arturo Zaldívar e Juan Luis González Alcántara votaram a favor da descriminalização total na esfera federal, enquanto Margarita Ríos-Farjat e Jorge Pardo defenderam a decisão apenas para o caso particular em julgamento.

Embora o Código Penal punisse anteriormente o aborto, na prática era incomum que o Ministério Público apresentasse denúncia pelo delito.

Segundo contagem do jornal Reforma, entre 2001 e 2019, ocorreram apenas 14 acusações formais por aborto.

Em setembro de 2021, o plenário da Suprema Corte do México já havia declarado constitucional o direito de interromper a gravidez, em uma decisão relativa à lei do Estado de Coahuila — que previa pena de prisão de 1 a 3 anos “à mulher que realiza voluntariamente aborto ou à pessoa que a faz abortar com consentimento”.

Na época, a decisão apenas obrigou Coahuila a modificar a lei e não pressupunha que o aborto fosse legalizado automaticamente em todo o México, ou que o Estados fossem obrigados a alterar suas leis.

Na prática, a decisão de 2021 deu aos Estados margem para manter as punições contra o aborto, que foram combatidas caso a caso por ações judiciais, como uma movida pelo GIRE há algumas semanas contra a legislação do Estado de Aguascalientes.

A Primeira Turma também havia decidido em 30 de agosto contra a punição por aborto nesse Estado.




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

Esta notícia é de propriedade do autor (citado na fonte), publicada em caráter informativo. O artigo 46, inciso I, visando a propagação da informação, faculta a reprodução na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos.

Avalie

Post anterior

a-rede-de-trafico-humano-que-promete-emprego-a-cubanos-e-os-leva-para-lutar-pela-russia-na-ucrania

G1 Mundo

A rede de tráfico humano que promete emprego a cubanos e os leva para lutar pela Rússia na Ucrânia

A denúncia foi feita esta semana pelo governo cubano, que alegou ter desmantelado uma quadrilha de tráfico de pessoas que se dedicava a levar cubanos à Rússia para forçá-los a atuar como soldados na guerra na Ucrânia. "O Ministério do Interior detectou e está trabalhando para neutralizar e desmantelar uma rede de tráfico de humanos que opera a partir da Rússia para incorporar cidadãos cubanos que ali vivem, e mesmo […]

today7 de setembro de 2023 6

Publicar comentários (0)

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.


0%