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No entanto, assustadas, as crianças se escondiam ou fugiam, contou ao g1 o capitão do Exército colombiano Ender Montiel, integrante do primeiro grupo de militares enviados a uma das regiões de floresta mais densas da Amazônia colombiana (leia relato abaixo).
Segundo Etiel, Lesly sabia que o pai das crianças, o também indígena Manuel Ranoque, dizia estar sofrendo ameaças da Frente Carolina Ramírez, braço dissidente das Farc que atua na região onde a família vivia, em Araracuara, no sudeste do país.
“O pai (das crianças) dizia que estava ameaçado, e a filha mais velha entendia o que isso significava. Ela queria proteger os irmãos e não sabia exatamente quem éramos”, disse Etiel.
A ameaça não foi confirmada nem pelo governo nem pela Frente Carolina Rodríguez, que, em nota à imprensa colombiana, negou a versão do pai.
Por isso, durante semanas os grupos de busca não conseguiam encontrar as crianças, embora tenham passado a poucos metros delas.
O avô materno das crianças, Narciso Mucutuy, disse em entrevista à imprensa colombiana que os netos confirmam a versão do militar. Segundo Mucutuy, eles relataram ter se escondido diversas vezes ao escutar ruídos das equipes de busca, que chegaram a cerca de 10 metros dos irmãos.
Colômbia divulga novas imagens do resgate das crianças sobreviventes de acidente aéreo
Veja abaixo mais trechos do relato do capitão Ender Montiel.
Cientes disso, os militares e indígenas que compunham as equipes traçaram diferentes estratégias de busca para tentar “cercar” os irmãos, entre elas:
Nada disso surtiu efeito, e, desconfiadas, as crianças seguiram se afastando, até, sem forças, sentarem-se em um clarão da floresta, onde foram encontrados em 9 de junho.
Crianças desaparecem após acidente aéreo na Colômbia — Foto: Forças Militares da Colômbia/via Reuters
Quando autoridades foram notificadas que um avião pequeno havia caído sobre a selva colombiana, em 1º de maio, o governo ordenou às Forças Armadas uma operação para buscar os passageiros e os pilotos.
Montiel integrou esse primeiro grupo que saiu em busca da aeronave e por sobreviventes. No caminho, no entanto, ele encontrou uma mamadeira.
“Neste momento, sabíamos que havia sinal de que pelo menos alguns dos passageiros estavam vivos, e que certamente havia crianças entre eles”.
Ao chegar ao local da queda do avião, os militares encontraram apenas os corpos dos adultos e, instantaneamente, converteram a operação em uma busca às crianças.
Militares e um líder indígena que viajaram com as crianças para uma base militar em Bogotá, após a chegada do avião que levou o grupo para a capital colombiana, em 10 de junho de 2023. — Foto: Ivan Valencia/ AP
Nessa nova fase da operação, que passou a se chamar Esperança, os cerca de cem oficiais do Exército se uniram a 73 indígenas de aldeias próximas ao local da queda, que passaram a traçar estratégias e tomar decisões na busca pelas crianças.
O que era uma força especial militar passou a ser uma operação conjunta e inédita na história recente da Colômbia, marcada por traumas da população indígena tanto com militares como com membros de grupos guerrilheiros.
Ano passado, a Organização dos Povos Originários da Amazônia Colombiana (Opiac) afirmou que militares torturaram e assassinaram indígenas e os identificaram como membros de grupos armados. As Forças Armadas colombianas negam as acusações.
Por outro lado, guerrilheiros que frequentemente se mudam e montam bases perto das aldeias indígenas também sempre foram vistos como ameaça às populações locais.
Por isso que os indígenas iniciaram a parceria na busca pelas crianças ressabiados, segundo o capitão Ender Montiel. Foi compartilhando a comida que o “gelo foi quebrado”, contou ele.
“Quando a comida deles foi ficando escassa, nós começamos a compartilhar com eles a nossa, e nesse momento o gelo se quebrou“.
Entre as principais trocas de conhecimento, Montiel destaca:
“Nós tínhamos capas de chuva, redes, telas. Eles diziam que não iria chover a partir de um determinado horário, ou um dia inteiro, e sempre era assim. Passamos a considerar essas previsões também”, contou. “Foi uma experiencia muito boa. Se a Colômbia fizesse isso como nação, seríamos um país com mais paz e mais livre”.
Por: G1
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