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Mãe de agressor de Carlinhos cita contas ‘fake’ criadas para aumentar ódio contra o filho: ‘sede de sangue’

today3 de maio de 2024 3

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Carlos Teixeira, também conhecido como Carlinhos, morreu aos 13 anos, após sofrer três paradas cardiorrespiratórias no último dia 16, quando estava internado na Santa Casa de Santos (SP) . O jovem precisou de atendimento médico após dois meninos pularem nas costas dele, em 9 de abril, na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande.

Segundo a mãe do menino que agrediu Carlinhos no banheiro da escola (assista no topo da reportagem), o caso aconteceu no último dia 19 de março. O estudante, de acordo com ela, não participou do momento em que os dois estudantes pularam sobre as costas da vítima.

Ao g1, a mulher disse que o filho recebeu mais ameaças de morte após a criação de quatro contas ‘fake’ no Instagram. Os internautas, segundo ela, publicaram diversas mensagens debochando do caso envolvendo Carlinhos com o objetivo de aumentar o ódio contra o menino.



“As coisas estão piores. Nas redes sociais a revolta é grande. É a fúria do povo”, afirmou a mulher. “É muita sede de sangue que eles têm”.

Mãe cita a criação de ‘contas fake’ do filho, que agrediu Carlinhos, para aumentar ódio contra o menino — Foto: Reprodução

A mulher ressaltou que, apesar de ter identificado as contas falsas, uma vez que o filho está fora das redes sociais, não imagina quem possa estar por trás disso. “É tanta gente revoltada que não fazemos ideia de quem seja”, disse.

Segundo ela, o menino já se apresentou voluntariamente à Polícia Civil e vai responder por bullying e agressão corporal em dois processos diferentes. Enquanto isso, ele está longe das ruas e sem estudar, “assustado” e “guardado” pela família.

Não tiro a culpa dele pela agressão do dia 19 de março. Errou muito feio e vai pagar tanto ‘pela lei’ quanto em casa“, disse ela. “Mas o acusam de algo que não fez, que é o assassinato. Dizem nas redes sociais que, quando o encontrarem na rua, nem vão bater, vão matar mesmo”.

Carlos Teixeira, de 13 anos, foi agredido por estudantes em Praia Grande (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Por fim, a mulher ressaltou a preocupação com a possibilidade da família de Carlinhos acreditar que as postagens em tom de ‘deboche’ tenham sido feitas pelo filho dela.

“Ainda não tive a chance de falar com eles e pedir perdão pessoalmente, mas podem estar tristes achando que meu filho está debochando. Ele não fez isso de maneira nenhuma. Pelo contrário, está muito arrependido pela briga do dia 19 de março”, concluiu.

Menino morto após ser agredido em escola chorou em casa relatando caso ao pai — Foto: Reprodução

O adolescente morreu na terça-feira (16), na Santa Casa de Santos. O pai dele, Julisses Fleming, afirmou que o filho era saudável e acredita que a morte aconteceu em decorrência da agressão sofrida. Segundo apurado pelo g1, o caso foi registrado na Polícia Civil e a causa da morte ainda está sendo investigada.

Julisses afirmou que os médicos disseram que a suspeita era de que a causa da morte seria uma infecção no pulmão. Em nota, a Santa Casa de Santos confirmou a transferência da UPA Central, mas disse não ter autorização para dar mais informações sobre o caso.

O g1 teve acesso à declaração de óbito de Carlos Teixeira, que apontou a causa da morte como: broncopneumonia bilateral. O documento servirá como ‘base’ para o atestado de óbito, que pode apontar a morte em decorrência de agressões, e que leva de 30 a 90 dias para ficar pronto (confira, mais adiante, a explicação de um médico)

Minutos antes de Carlos morrer, no entanto, o homem contou ao g1 que precisou acalmá-lo. O adolescente passou a dizer repetidamente que tinha medo de partir. “Me sinto acabado e destruído”, afirmou o pai.

Declaração de óbito de adolescente em Praia Grande (SP) traz como causa da morte uma broncopneumonia bilateral — Foto: Reprodução

Ao g1, o médico clínico Carlos Machado explicou o que é uma broncopneumonia bilateral. Segundo ele, trata-se de uma infecção ‘mais ampla’ do que uma pneumonia, que normalmente é causada por vírus e pode se agravar por uma bactéria nos dois pulmões.

Antes da declaração de óbito, a pedido do g1, Carlos Machado e o também médico clínico Marcelo Bechara analisaram o caso com base nas próprias experiências profissionais e nas informações passadas pela equipe de reportagem.

Ambos afirmaram que o excesso de peso nas costas pode ter levado a um trauma — lesões causadas por um evento traumático externo ao corpo e que acontece de forma inesperada.

De acordo com Carlos Machado, o trauma pode ter sido uma fratura ou esmagamento da vértebra na coluna cervical, torácica e até na costela.

“Se ele estiver com uma dessas lesões, […] podia estar furando o pulmão, o que dificulta a respiração e, respirando menos, faz com que tenha secreção acumulada, que é uma infecção pulmonar”, afirmou o profissional.

Marcelo Bechara acrescentou que, pelo mesmo motivo, ocorre uma parada cardiorrespiratória. “O excesso de peso nas costas podem ter levado a um trauma que pode levar a um pneumotórax […], [quando] o pulmão não consegue ventilar e uma hora chega a parada cardíaca mesmo”, disse ele.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou que o caso foi registrado como morte suspeita e é investigado pelo 1º Distrito Policial (DP) de Praia Grande. Conforme apurado pelo g1, o corpo de Carlos passará por necropsia — procedimento médico que examina a causa da morte.

Seduc-SP, sobre Carlos Teixeira

A Secretaria de Educação do Governo de São Paulo informou que o vídeo da agressão foi gravado no dia 19 de março. “A Pasta repudia toda e qualquer forma de agressão e de incitação à violência dentro ou fora das escolas. Na época, ao tomar ciência do caso apresentado, a gestão escolar acionou Conselho Tutelar e os responsáveis do aluno. Também registrou o ocorrido no aplicativo do Conviva”.

A Seduc ainda afirmou que lamenta profundamente o falecimento do estudante. “A Diretoria de Ensino de São Vicente instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações”.

A Prefeitura de Praia Grande disse que lamenta profundamente a ocorrência com um aluno da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, no Bairro Nova Mirim. A Administração municipal se solidariza com os familiares e amigos do jovem.

A Prefeitura solicitou junto a secretaria de Estado uma apuração completa dos fatos, já que a unidade de ensino é estadual. A administração municipal explicou ainda que também já está analisando todos os procedimentos adotados no atendimento efetuado no pronto-socorro da Cidade.

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Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Santos.

Por: G1

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