Carlos Teixeira morreu após sofrer três paradas cardiorrespiratórias, no último dia 16, quando estava internado na Santa Casa de Santos (SP) . O jovem precisou de atendimento médico após dois meninos pularem nas costas dele, em 9 de abril, na Escola Estadual Júlio Pardo Couto.
Ao g1, a mãe ressaltou que o filho aparece agredindo Carlos Teixeira dentro de um banheiro na escola (assista no topo da reportagem) no dia 19 de março. Segundo ela, o adolescente não participou do momento em que os dois estudantes pularam sobre as costas da vítima, em 9 de abril.
A mulher contou que o menino está “muito sentido” pela morte de Carlos e “destruído” pelas ameaças que recebeu após a repercussão do caso. “Meu filho não é ruim e nunca foi”.
“Está arrasado pelo falecimento do Carlinhos e também pelo que estão fazendo com ele. São duas tragédias”, disse a mãe. “O povo está ameaçando, dizendo que se o encontrarem na rua vão matá-lo, pois querem ‘sangue com sangue'”.
Medo e depoimento à polícia
Carlos Teixeira, de 13 anos, foi agredido por estudantes em Praia Grande (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
A mulher ressaltou que, mesmo sem ser intimado, o filho se apresentou no 1º Distrito Policial de Praia Grande, onde o caso é investigado. Segundo ela, o menino vai responder por bullying e agressão corporal em dois processos diferentes.
“Ele está muito arrependido”, afirmou a mulher. “Sempre o ensinamos a não se envolver em brigas”.
Apesar de ter se apresentado à Polícia Civil, o menino passou a evitar espaços públicos, com medo das ameaças. “Está escondido, sem sair na rua ou sequer estudar”, finalizou ela.
O adolescente morreu na terça-feira (16), na Santa Casa de Santos. O pai dele, Julisses Fleming, afirmou que o filho era saudável e acredita que a morte aconteceu em decorrência da agressão sofrida. Segundo apurado pelo g1, o caso foi registrado na Polícia Civil e a causa da morte ainda está sendo investigada.
Julisses afirmou que os médicos disseram que a suspeita era de que a causa da morte seria uma infecção no pulmão. Em nota, a Santa Casa de Santos confirmou a transferência da UPA Central, mas disse não ter autorização para dar mais informações sobre o caso.
O g1 teve acesso à declaração de óbito de Carlos Teixeira, que apontou a causa da morte como: broncopneumonia bilateral. O documento servirá como ‘base’ para o atestado de óbito, que pode apontar a morte em decorrência de agressões, e que leva de 30 a 90 dias para ficar pronto (confira, mais adiante, a explicação de um médico)
Menino morto após ser agredido em escola chorou em casa relatando caso ao pai — Foto: Reprodução
Minutos antes de Carlos morrer, no entanto, o homem contou ao g1 que precisou acalmá-lo. O adolescente passou a dizer repetidamente que tinha medo de partir. “Me sinto acabado e destruído”, afirmou o pai.
Declaração de óbito de adolescente em Praia Grande (SP) traz como causa da morte uma broncopneumonia bilateral — Foto: Reprodução
Ao g1, o médico clínico Carlos Machado explicou o que é uma broncopneumonia bilateral. Segundo ele, trata-se de uma infecção ‘mais ampla’ do que uma pneumonia, que normalmente é causada por vírus e pode se agravar por uma bactéria nos dois pulmões.
Antes da declaração de óbito, a pedido do g1, Carlos Machado e o também médico clínico Marcelo Bechara analisaram o caso com base nas próprias experiências profissionais e nas informações passadas pela equipe de reportagem.
Ambos afirmaram que o excesso de peso nas costas pode ter levado a um trauma — lesões causadas por um evento traumático externo ao corpo e que acontece de forma inesperada.
De acordo com Carlos Machado, o trauma pode ter sido uma fratura ou esmagamento da vértebra na coluna cervical, torácica e até na costela.
“Se ele estiver com uma dessas lesões, […] podia estar furando o pulmão, o que dificulta a respiração e, respirando menos, faz com que tenha secreção acumulada, que é uma infecção pulmonar”, afirmou o profissional.
Marcelo Bechara acrescentou que, pelo mesmo motivo, ocorre uma parada cardiorrespiratória. “O excesso de peso nas costas podem ter levado a um trauma que pode levar a um pneumotórax […], [quando] o pulmão não consegue ventilar e uma hora chega a parada cardíaca mesmo”, disse ele.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou que o caso foi registrado como morte suspeita e é investigado pelo 1º Distrito Policial (DP) de Praia Grande. Conforme apurado pelo g1, o corpo de Carlos passará por necropsia — procedimento médico que examina a causa da morte.
Seduc-SP, sobre Carlos Teixeira
A Secretaria de Educação do Governo de São Paulo informou que o vídeo da agressão foi gravado no dia 19 de março. “A Pasta repudia toda e qualquer forma de agressão e de incitação à violência dentro ou fora das escolas. Na época, ao tomar ciência do caso apresentado, a gestão escolar acionou Conselho Tutelar e os responsáveis do aluno. Também registrou o ocorrido no aplicativo do Conviva”.
A Seduc ainda afirmou que lamenta profundamente o falecimento do estudante. “A Diretoria de Ensino de São Vicente instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações”.
A Prefeitura de Praia Grande disse que lamenta profundamente a ocorrência com um aluno da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, no Bairro Nova Mirim. A Administração municipal se solidariza com os familiares e amigos do jovem.
A Prefeitura solicitou junto a secretaria de Estado uma apuração completa dos fatos, já que a unidade de ensino é estadual. A administração municipal explicou ainda que também já está analisando todos os procedimentos adotados no atendimento efetuado no pronto-socorro da Cidade.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Publicar comentários (0)