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No dia 31 julho, mesmo depois da prisão de três suspeitos pela morte do soldado, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que o efetivo reforçado permaneceria na Baixada Santista por pelo menos 30 dias, e que o foco passaria a ser o combate ao tráfico de drogas.
No dia 28 de agosto, quando a operação completou um mês, a Secretaria da Segurança Pública informou que a ação não tinha mais prazo pra terminar. Em um documento interno, o comando da PM chegou a prever que os policiais permaneceriam na Baixada Santista até o dia 30 de setembro.
A falta de uma data exata para o fim da operação e o aumento do número de mortes em supostos confrontos com a polícia colocaram o secretário da Segurança Pública Guilherme Derrite sob pressão de entidades de defesa dos direitos humanos e do próprio MP.
Contudo, desde o início da ação, instituições e autoridades que defendem os direitos humanos pediam o fim da operação.
A outra envolve o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública (Gaesp), do Ministério Público, na capital paulista. O Gaesp tem a missão de esclarecer se a ação dos policiais no litoral infringiu normas de direitos humanos.
Os inquéritos abertos pela Polícia Civil de Santos e pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar estão em andamento e não têm prazo para terminar.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública reforçou que todos os casos são investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais de Santos, com apoio do DHPP, e por um Inquérito Policial Militar.
Um levantamento feito pelo MP de São Paulo mostra que, em julho, houve um aumento de 58% no número de mortes por intervenção policial no estado, na comparação com o mesmo mês de 2022. Em agosto, o crescimento chegou a 72%.
Considerando apenas os municípios de Santos e Guarujá, onde a Operação Escudo se concentrou, as mortes por intervenção policial saltaram de 5, entre julho e setembro do ano passado, para 28, no mesmo período deste ano — um aumento de 460%.
No fim da tarde desta terça, numa entrevista coletiva, o secretário Guilherme Derrite anunciou o fim da Operação Escudo e voltou a defender a legalidade da ação.
“Nos laudos do IML, nenhum laudo aponta sinais de execução, que houve tortura – nenhum laudo de necropsia do Instituto Médico Legal, que é órgão responsável técnico, nenhum, aponta, seja um hematoma, seja uma queimadura de cigarro, ou seja, algumas informações que nós recebemos até de indivíduo que teve a sua unha retirada, sinais de tortura, isso não foi apontado e nós temos como comprovar isso pelo brilhante trabalho da polícia científica”, disse Derrite.
O Fantástico teve acesso aos laudos da Operação Escudo e investiga por que jovens que viviam em São Paulo apareceram mortos no Guarujá.
Com isso, o órgão recomendou ao governo de São Paulo, sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se encerre a operação e apresente, em até 20 dias, esclarecimentos sobre as circunstâncias das mortes em decorrência da intervenção policial.
Veja as recomendações do CNDH ao governo de São Paulo:
Governo de SP nega que tenha havido excesso da polícia na operação que deixou 8 mortos em Guarujá — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
A TV Globo e o g1 tiveram acesso aos laudos necroscópicos de 15 dos 24 mortos pela polícia nesse período. No total, os corpos tinham 46 ferimentos provocados pela entrada de balas.
Os documentos não fazem referência direta a ferimentos que indiquem sinais de execução ou tortura. Promotores de justiça estão comparando os resultados dos laudos com as fotos dos corpos para esclarecer dúvidas.
Até agora, as imagens das câmeras corporais usadas pelos PMs trouxeram poucas novidades à investigação. Há duas semanas, quando o SP2 divulgou o resultado das primeiras análises, o Ministério Público tinha recebido imagens de seis de dezesseis ocorrências com mortes.
Desde então, mais seis pessoas morreram em supostos confrontos com a polícia na região, e apenas uma nova imagem foi encaminhada ao Ministério Público.
A Polícia Militar tem atualmente 10.125 câmeras corporais, o suficiente para equipar pouco mais da metade dos policiais de todo o estado.
Questionado sobre o envio das outras imagens das câmeras para o MP, a SSP respondeu que os casos correm sob sigilo.
A Secretaria informou ainda que os laudos oficiais de todas as mortes, elaborados pelo IML, foram executados com rigor técnico, isenção e nos termos da lei, e que esses laudos já foram enviados às autoridades responsáveis pelas investigações.
Por: G1
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