Os moradores de Mongaguá, no litoral de São Paulo, enfrentam alagamentos e o desabastecimento de água devido a forte chuva que atinge a cidade desde quarta-feira (2). Um vídeo obtido pelo g1, mostra, inclusive, um dos moradores atravessando a rua em que mora com o café da manhã em mãos para levar ao pai dele, que reside do outro lado da via. A Prefeitura de Mongaguá informou que atua para desobstruir os pontos de alagamento na cidade.
Jozimar Alexandre da Silva, de 45 anos, é morador da Rua Maria Rita da Silva, no bairro Vera Cruz. Ele precisou atravessar a via alagada, por volta das 5h20 desta quinta-feira (3), para levar o café da manhã do pai: um prato de mandioca e um copo de café (veja o vídeo acima). “A água chegando na cintura. :[Vou] tomar cuidado para não cair o prato”, disse durante o registro.
Morador atravessa rua alagada ‘até a cintura’ para entregar café da manhã ao pai em Mongaguá, no litoral de SP. — Foto: Reprodução
Ao g1, o operário explicou que o pai, de 69 anos, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e tem dificuldades de se locomover. “Ele anda sempre de bengala então fica eu e minha irmã cuidando dele”. Com o alagamento na via, as complicações aumentam e o idoso sequer pode sair de casa. “Para se locomover somente com caiaque mesmo, [porque] está sem condições”.
Jozimar conta que logo após gravar as imagens foi trabalhar. Depois de terminar o expediente, ele diz que voltará para o bairro e ajudará as pessoas que também residem na rua e que precisam lidar com a enchente. “Pedimos socorro e ajuda com qualquer tipo de doações para o pessoal da comunidade”, ressalta.
Morador da região há 45 anos e conhecido como “Babinha”, ele afirma que sempre que as fortes chuvas atingem a cidade, é necessário ajudar os moradores com o caiaque dele, mesmo que não possua sequer uma capa de chuva. “A água só vai abaixar daqui uma semana. Sempre que alaga eu estou socorrendo eles”.
Os moradores de Mongaguá, no litoral de São Paulo, enfrentam alagamentos que chegam “até a cintura” e o desabastecimento de água nesta quinta-feira (3) — Foto: Arquivo Pessoal
Por meio de nota, a Prefeitura de Mongaguá afirmou que o acumulado de chuvas das últimas 72 horas foi de 114 mm. A Defesa Civil faz rondas de monitoramento por toda cidade para verificar as necessidades da população e os pontos onde a água encontra dificuldades para escoar.
Segundo a administração municipal, os bairros mais afetados foram a Vila Operária e Pedreira e, nesses locais a Diretoria de Serviços Externos está atuando com desobstrução de canais e valas.
“Um abrigo temporário está funcionando na cidade, atendendo uma família com o apoio da Defesa Civil, do Fundo Social e da Diretoria de Assistência Social”, informou a prefeitura.
Os moradores de Mongaguá também passam por desabastecimento de água. Segundo a cabeleireira Ligia Macedo, de 28 anos, o problema ocorre desde a noite de segunda-feira (31). A moradora do bairro Itaóca afirma que, desde então, não pôde lavar a louça ou as roupas. “A comida é feita com água mineral, que temos que comprar. Já o banho, nem pensar. Um absurdo”, reclama.
Lígia mora com os dois filhos, que são crianças, e precisa lidar com a situação sozinha, já que não tem outros familiares na cidade. Ela explica que levantou às 6h desta quinta-feira para ir trabalhar e, naquele momento, a água ainda não havia retornado. “Ficar sem água é cruel”. Por volta das 8h, a água retornou, porém, com baixa pressão. “Bem fraca, mas está voltando”, disse.
Desde segunda-feira (31), os moradores de Mongaguá, no litoral de SP, enfrentam enchentes e o desabastecimento de água. — Foto: Arquivo Pessoal
A Sabesp informou que o sistema de abastecimento de água em Mongaguá está em fase de normalização. Segundo a empresa, o sistema foi afetado em devido às chuvas que alteraram as características da qualidade da água dos mananciais que abastecem a cidade.
Além disso, a companhia afirmou que já reforçou a quantidade de caminhões-tanque para atender emergências. A população pode informar imediatamente o endereço à Sabesp pelos números 195 ou 0800 055 0195, que funcionam 24 horas. “Para uma rápida recuperação total do sistema, a Sabesp destaca que os moradores usem a água de forma consciente”, finalizou.
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