“É um desespero saber que quem estava me apoiando simplesmente falou que terminaram as possibilidades [de encontrar Edison]. Não terminaram, pode ter terminado os recursos da Marinha, [pois] eu sei que eles precisam de gente competente, material, transporte, combustível, verba para fazer isso tudo, eu entendo, mas fico em uma situação [complicada], quero que continue, não pode parar”, disse Maria de Fátima.
Segundo a mulher, a dor dela só aumenta e a paralisação dos trabalhos foi mais um duro golpe. “É um sentimento que não cabe no peito. Por mais angustiada que eu esteja, há mais de 18 dias a vítima é ele. Se ele tinha comida, água, ele está vivo e vamos ver onde ele está. Ele é uma pessoa muito conhecida e querida”.
Inconformada com a situação, Maria contou ter ido até a Polícia Federal para pedir que o velejador fosse procurado em portos e águas internacionais antes da interrupção das buscas. “Estou muito ansiosa, esperançosa e tenho muita fé”.
“A Marinha fala que fez de tudo e não tem mais possibilidades. Eu não aceito o posicionamento deles. Deixo aqui meu protesto. Não podem parar, não tem vestígio na água, não tem nada boiando. Como deixam um barco simplesmente desaparecer?”, questionou.
Velejador desapareceu há mais de duas semanas após sair de Santos (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Maria disse, também, que compreende a suspensão das buscas por parte do Corpo de Bombeiros, pois eles encerraram a procura na região costeira. No entanto, acredita que a Marinha tenha mais a fazer. “Eu sabia que estavam procurando e que iriam achar. O pessoal é competente, profissional, sabe o que fazer. [Eles] têm navios, avião e estava me sentindo apoiada”.
Maria de Fátima contou estar há mais de 30 anos com Edison. Ter um barco, segundo ela, era o grande sonho do marido. “Abracei o sonho com ele e compramos o veleiro. Ele fez o curso de capitão amador, ficamos sócios do clube e tínhamos direito a marina, onde ficava o barco”.
“Todo final de semana ele ia [ao clube]. Era o lazer dele, a terapia, onde ele conseguia se realizar […]. Ninguém sabe dele e para mim está desesperador”, finalizou.
O g1 entrou em contato com a Polícia Federal e com a Marinha sobre as buscas pelo velejador, mas não obteve retorno até a última atualização dessa reportagem.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a participação das equipes foi suspensa devido o esgotamento dos meios de busca que foram utilizados durante os nove dias de procura pelo veleiro.
A corporação informou que levou em consideração a capacidade das embarcações e aeronaves disponibilizadas, as limitações operacionais por conta do combustível e o limite legal de navegabilidade, que restringe o afastamento da costa brasileira de acordo com a habilitação náutica dos operadores das embarcações.
A Marinha também suspendeu as ações. De acordo com o 8º Distrito Naval, a operação de buscas e salvamento durou 16 dias e começou após o Salvamar Sul-Sudeste tomar conhecimento do desaparecimento do Veleiro ‘Sufoco III’, na região da Baía de Santos, com um tripulante a bordo.
Nesse período, foram realizadas buscas em uma área de aproximadamente 80 mil milhas náuticas e, segundo a Marinha, nenhum indício que pudesse contribuir para a localização da embarcação e do condutor foi encontrado.
Durante os dias de trabalho foram utilizados: Aviso de Patrulha “Barracuda”, Aviso de Patrulha “Espadarte”, Veleiro João das Botas, Aviso de Pesquisa “Aspirante Moura”, Navio-Patrulha “Guajará”, Navio Balizador Faroleiro “Mario Seixas” e o Navio de Patrulha Oceânica “Amazonas”, que operaram em coordenação com equipes da Força Aérea Brasileira (Aeronave P95).
Edilson Gloeden segue desaparecido — Foto: Reprodução/Redes Sociais
As buscas do Corpo de Bombeiros e Marinha começaram no dia 16 de janeiro, quando ainda se limitavam apenas à costa e ao mar aberto de Bertioga, Praia Grande e um trecho de São Sebastião. Os locais, segundo aos bombeiros, foram escolhidos por estarem nas proximidades de ilhas de refúgio.
De acordo com o navegador Herman Junior, que criou o site Inavigate, Edison saiu com equipamentos de ótima qualidade e não fez contatos com o grupo. “Ele estaria a 120 milhas de distância da costa [algo em torno de 200 km], muito além da laje de Santos].
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