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Multinacionais na Rússia ainda financiam guerra na Ucrânia

today8 de julho de 2023 10

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Um relatório da Kyiv School of Economics (KSE) e da coalizão de organizações da sociedade civil B4Ukraine constata que as multinacionais que operam na Rússia continuaram a pagar impostos no país em 2022, financiando indiretamente a campanha de agressão e ocupação militar de Vladimir Putin.

Das 1.387 empresas ocidentais com subsidiárias russas no início da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, apenas 241 (17%) abandonaram inteiramente o país – entre as quais as cadeias de lanchonetes McDonald’s e Starbucks. As que permaneceram, geraram naquele ano 177 bilhões de dólares para os cofres nacionais.

Em fevereiro último, a escola ucraniana de economia comentava, em seu relatório Unfinished business (Negócio inconcluso).



“Quase nada mudou, mesmo após mais três meses de violência e provas cumulativas de crimes de guerra cometidos pelas tropas russas: 56% das companhias monitoradas pela KSE ainda estão comprometidas em permanecer na Rússia.”

Firmas alemãs: segundo lugar em impostos sobre lucros

Ao todo, as corporações globais, também as que debandaram desde a guerra, pagaram à Rússia em 2022, só de impostos sobre lucros, 3,5 bilhões de dólares. “É apenas a ponta do iceberg e provavelmente muito abaixo do volume total de impostos”, prossegue o relatório, acrescentando que as firmas arcam com numerosas outras contribuições, inclusive imposto de renda sobre os salários dos funcionários, seguros e imposto sobre valor agregado (IVA).

Das firmas sediadas em países do G7 e da União Europeia, 16 constaram entre as 20 principais contribuintes russas. As americanas apresentaram os maiores faturamentos totais e pagaram os impostos sobre lucros mais altos: 712 milhões de dólares. Em seguida veem as empresas alemãs, com 402 milhões de dólares. As companhias sediadas na UE totalizaram 594 milhões de dólares de impostos.

Michael Harms, diretor-gerente do Comitê da Economia Alemã para o Leste, justifica: leva tempo até um êxodo nessa escala se refletir em dados, e “muitas companhias alemãs agora abandonaram o mercado russo ou estão no processo de retirar”.

“As relações teuto-russas já mudaram dramaticamente. Em 2022, as exportações alemãs para a Rússia caíram quase pela metade, as importações se reduziram em 90% desde o começo de 2023. O fato de o êxodo não ter ainda se refletido inteiramente nas estatísticas para 2022 faz parte da natureza das coisas.”

Haveria ainda obrigações contratuais, enfatiza Harms, não sendo possível elas saírem do mercado do dia para a noite. Além disso, “o governo russo colocou obstáculos significativos para dificultar mais às empresas estrangeiras se retirarem”.

Cigarros e bens de grande consumo na linha de frente

O relatório da KSE mostra que entre as que mais se beneficiaram com a permanência na Rússia estão as multinacionais do tabaco, estando à frente a nipo-suíça Japan Tobacco International, com faturamento de 7,4 bilhões de dólares em 2022 – 1,5 bilhão de dólares a mais do que no ano anterior – e pagamento de 193 milhões de dólares em impostos sobre lucros.

A Phillip Morris, que vende os cigarros Marlboro fora dos Estados Unidos, gerou um faturamento de 7,9 bilhões de dólares, e impostos de 206 milhões de dólares. Em fevereiro, a empresa declarara que preferia manter seus negócios na Rússia a vendê-los por menos do que considerava seu valor.

Em seguida ao de tabaco, veio o setor de bens de consumo de alta rotatividade (vendidos rápido e a custo relativamente baixo, FMCG na sigla em inglês), que faturou 21 bilhões de dólares. A Danone, que alcançou mais de 3 bilhões de dólares em vendas, estaria procurando um comprador russo para seus negócios locais, mas até agora sem sucesso.

A Nestlé restringiu algumas de suas atividades e deixou de fazer publicidade no país. Com 99 milhões de dólares, a fabricante americana de doces Mars esteve entre as que pagaram mais impostos sobre lucros na Rússia em 2022. Em janeiro, ela declarou que reduzira parte de seus negócios no país.




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Por: G1

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