A decisão em si não surpreendeu. Os israelenses se acostumaram a ver o chefe de governo em apuros e isolado no cenário internacional. Mas repercutiu mal vê-lo misturado, no mesmo rol de acusações, com os líderes do Hamas — Yahya Sinwar, Mohammed Deif e Ismail Haniyeh.
Foi como se, mesmo que momentaneamente, Netanyahu ganhasse um salvo-conduto de seus conterrâneos e adversários políticos, que o acuam diariamente com protestos e ultimatos por sua saída do governo.
As condenações à comparação entre Israel e o grupo terrorista responsável pelo maior massacre de civis perpetrado em território israelenses juntaram os desafetos tradicionais do premiê: o líder da oposição israelense, Yair Lapid, e o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos.
“Não podemos aceitar a comparação ultrajante entre Netanyahu e Sinwar, entre os líderes de Israel e os líderes do Hamas”, protestou Lapid em suas redes sociais.
Nem por isso Netanyahu, contudo, deixou de ser responsabilizado pela situação degradada que o país ocupa no cenário internacional.
“A equivalência é irritante e sublinha principalmente o fracasso estratégico total de Netanyahu e do seu governo: sete meses após o ataque do Hamas, os líderes de Israel são comparados com os líderes de uma organização terrorista”, afirmou o jornal “Haaretz” em seu editorial, ao destacar a arrogância do premiê por desprezar todos os alertas sobre o tsunami diplomático que engole Israel.
Se os juízes aceitarem o pedido de Khan, Netanyahu e Gallant se juntarão ao grupo integrado por outros ditadores, que tiveram mandados de prisão expedidos: o russo Vladimir Putin, o sudanês Omar al-Bashir e o falecido líder líbio Muamar Kadhafi.
Sob o risco de ser preso, o premiê mais longevo do país não poderá pisar em 124 estados-membros que assinaram o Estatuto de Roma. Mas terá guarida nos EUA, que assim como Israel, não ratificaram o tratado.
Dificilmente ele será julgado por isso. Como era esperado, Netanyahu se apresentou como mártir aos israelenses, esbravejando contra o promotor Khan, a quem acusou de “despejar gasolina insensivelmente nas fogueiras do antissemitismo que assolam o mundo”.
Conforme ressaltou o colunista Anshel Pfeffer, do “Haaretz”, no curto prazo a popularidade do premiê pode até aumentar, mas isso não deve obscurecer o que aconteceu depois de 7 outubro, quando Israel embarcou numa guerra justificada e com apoio internacional.
“A má gestão desta guerra, a insensibilidade e a estupidez covarde deste governo transformaram Israel num pária global que, aos olhos do mundo, está ao mesmo nível do Hamas”, resumiu.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou um gabinete de guerra para discutir o ataque do Irã — Foto: Reuters
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Por: G1
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