“Eu perdi tudo”, admite Lahcen, dominado pela tristeza e abatido no posto de saúde desta pequena localidade, localizada a mais de uma hora de carro da turística cidade de Marraquexe.
No sábado (9) à tarde, os socorristas ainda não haviam conseguido retirar o corpo de sua esposa e de um de seus filhos dos escombros de sua casa, que desabou durante o terremoto. Os corpos de dois de seus filhos já haviam sido retirados.
“Tudo que eu quero é me afastar do mundo e lamentar minha perda”, afirma Lahcen, que estava fora de casa quando o terremoto ocorreu.
Com uma magnitude de 6,8, o terremoto causou até a última atualização desta reportagem 1.305 mortes e mais de 1.800 feridos.
Segundo a imprensa marroquina, este é o terremoto mais poderoso já registrado no país do norte da África.
Moradores do vilarejo de Moulay Brahim, um dos mais afetados pelo terremoto, rezam diante de vítimas da tragédia. — Foto: Fadel Senna/AFP
Mais da metade das mortes registradas até o momento ocorreu na província de Al Hauz, no epicentro do terremoto e onde está Moulay Brahim.
As equipes de resgate, com a ajuda de maquinário de construção, continuam a procurar sobreviventes nos destroços deste vilarejo, que sofreu dezenas de mortes.
Os moradores do município, que tem cerca de 3.000 habitantes, já começaram a cavar sepulturas em uma colina.
“É uma tragédia terrível, estamos chocados com essa desgraça”, diz Hasna, uma moradora sentada à porta de sua casa, incapaz de esconder sua “comoção”.
“Embora minha família esteja a salvo, todo o vilarejo chora por seus filhos. Muitos vizinhos perderam parentes. É uma dor indescritível”, acrescenta.
Bombeiros procuram por sobreviventes em edifício colapsado no vilarejo de Moulay Brahim, um dos mais afetados pelo terremoto no Marrocos. — Foto: Fadel Senna
No topo da cidade, Bouchra enxuga os olhos marejados enquanto vê alguns de seus vizinhos cavando sepulturas.
“Os filhos da minha prima morreram”, lamenta antes de lembrar com uma voz frágil: “Vi os estragos do terremoto ao vivo e ainda tremo agora. Foi como se uma bola de fogo tivesse devorado tudo em seu caminho”.
“Todo mundo aqui perdeu alguém de sua família, seja no vilarejo ou em outros da região”, diz.
Além de sua família mais próxima, Lahcen Aït Tagaddirt também sofreu a perda de dois sobrinhos, de 6 e 3 anos.
“É a vontade de Deus”, repete este homem vestido com uma túnica tradicional, lamentando a dureza da vida nesta região montanhosa: “Não temos nada aqui”.
Outro vizinho, mais jovem e que prefere não dar seu nome, lembra como um de seus tios “escapou por um triz”.
“Ele estava rezando quando o teto desabou sobre ele, mas milagrosamente conseguiram resgatá-lo com vida, apesar de sua casa ter desabado”, explica.
“É impressionante como um tremor de apenas alguns segundos pode causar tamanha tragédia”.
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Por: G1
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