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‘Nós odiamos as noites, porque é quando as bombas caem’, diz palestino que voltou para lista de repatriados do Brasil

today24 de outubro de 2023 4

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Mohammad Farahat, a esposa Hadil Yusuf El Duwaik e os quatro filhos – com idades entre 11 e 18 anos – moravam na cidade de Gaza e tiveram toda a vizinhança bombardeada durante o conflito. À GloboNews, Mohammad contou que além do medo de bombardeios constantes, quem está em Gaza vive diariamente o sofrimento psicológico da guerra.

“Quando você ouve os bombardeamentos ao redor de onde vivemos agora, você vê que sua vida pode acabar em cada minuto. Nós odiamos as noites, porque é de noite que as bombas caem. Têm muitas bombas. Nós só ouvimos as bombas. Em termos de serviços básicos, temos falta de água para beber, para lavar, para limpeza, para nossa comida . Esses serviços são cruciais, assim como medicação, porque o sistema de saúde está destruído em Gaza. No caso de não sermos mortos nos ataques com bombas, você pode morrer por fadiga psicológica. Nós sentimos tudo, sentimos medo, terror, todas essas questões que nos rodeiam afetam e se refletem no nosso psicológico. Estamos morrendo dia após dia quando vemos essas cenas traumáticas, pessoas mortas, machucadas, quando vemos as vulnerabilidades aumentando entre as pessoas. Isso é insuportável”, disse.

A esposa de Mohammad e os filhos têm dupla nacionalidade —palestina-brasileira. Ele é palestino, mas foi autorizado a acompanhar a família. Eles estão em Rafah na fronteira com o Egito. A família viajou para o sul de Gaza na semana passada, mas tinham recusado a repatriação por questões financeiras.



“Eu decidi mudar minha decisão para viajar ao Brasil com a minha família porque o governo brasileiro prometeu providenciar ajuda no custo de acomodação no Brasil, segurança, cuidados com a saúde, e também a voltar quando a situação estiver calma em Gaza. Estamos procurando por segurança, por dignidade de moradia. Estamos saindo por ameaças reais, riscos que ameaçam nossa vida em Gaza”, contou.

Logo após encerrar a entrevista, o palestino enviou uma mensagem à equipe de reportagem dizendo que estavam sendo bombardeados. “Um bombardeio acabou de acontecer perto de mim”, escreveu.

Apesar da decisão de deixar Gaza durante o conflito, a família afirma que a decisão não foi fácil. Segundo Mohammad Farahat, estar longe de casa não os deixará felizes porque estarão sob estresse, tensão e medo pelos entes queridos, como seus pais e parentes.

“É muito difícil, porque temos uma forte relação com as pessoas que moram aqui, com nossos amigos, os lugares aqui. Tivemos cenas traumáticas de pessoas mortas, casas destruídas. É nossa vida aqui, será muito triste deixar Gaza”, relatou .

Repatriados e pedidos de refúgio

Até o momento, 32 pessoas constam na lista de repatriados que estão em Gaza decidiriam voltar para o Brasil. Estão no grupo:

  • 17 crianças
  • 9 mulheres
  • 6 homens

Metade do grupo está em Rafah, a cidade fronteiriça entre o sul de Gaza e o Egito e por onde milhares de pessoas esperam a abertura dos postos de controle para deixar o território. Outra metade aguarda a liberação em uma casa em Khan Younes, cidade também no sul da Faixa de Gaza e que tem sido alvo de bombardeios.

O grupo espera a abertura da fronteira entre Gaza e o Egito, que está fechada. As negociações para liberar a passagem a estrangeiros, travada entre os governos israelense e egípcio, estão travadas há dias.

Do outro lado da fronteira, segundo o embaixador, veículos contratados pelo Itamaraty estão de prontidão para receber o grupo de brasileiros e palestinos em processo de imigração, caso consigam cruzar a fronteira. Neste caso, eles serão levados de lá ao Cairo, onde um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) os transportará ao Brasil.

O g1 apurou que o Itamaraty vai levar ao Brasil sete palestinos da Faixa de Gaza que pediram refúgio. Eles já tiveram o processo de imigração aberto e, por isso, estão junto o grupo de brasileiros que tenta deixar o território. Outros três palestinos que são parentes de brasileiros também abriram pedidos de imigração para o Brasil, disse o embaixador na Palestina, Alessandro Candeas. Neste caso, eles tramitam um processo de reagrupação familiar.




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

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