“Sou negro de corpo e alma”, ressaltou o comerciante Norvam Aparecido dos Santos, de 54 anos, neste sábado (9). Por meio da rede social, dezenas de pessoas reagiram ao comentário da influenciadora logo no primeiro dia do reality show, que começou na última quinta-feira (7).
Norvam Aparecido acrescentou que a cor da pele, inclusive, é um orgulho para Indy. “A minha filha sempre diz que uma das melhores coisas que ela tem do seu pai são as raízes negras”.
Esposa do comerciante e mãe de Indy Santos, Jovanilda Rios da Silva, de 52 anos, disse que a discriminação racial não faz parte do comportamento da filha. “Para ela, todos são seres humanos. Adora qualquer pessoa independentemente de raça, etnia ou cor. Acharam que ela deveria ter falado outra coisa, mas branco ele não é”.
Frase de Indy Santos (ao centro) sobre seu pai (à direita) ser negro gerou discussão no Twitter — Foto: Arquivo Pessoal
A pedido do g1, o advogado, professor, militante do Movimento Negro e coordenador do Educafro, Júlio Evangelista dos Santos Júnior, comentou a situação. Segundo ele, o conceito de negro e preto no Brasil é diferente nos Estados Unidos.
“Lá [nos EUA], tem um critério para [confirmar] quem é negro e quem não é, que é o critério da gota de sangue. Se você tem uma gota de sangue negra, você é considerado negro. Ao passo que, no Brasil, a população é miscigenada. Temos cinco categorias de raça ou cor [branca, preta, parda, indígena ou amarela], que são aquelas que o IBGE utiliza no senso. Duas delas caracterizam quem é negro no Brasil, quem se autodeclara preto e quem se autodeclara pardo”.
Júlio Evangelista ressaltou que a participação de uma brasileira, nascida em Santos, no Big Brother dos Estados Unidos, tende a jogar uma luz sobre o tema e ampliar o debate sobre as diferenças de conceitos, ainda mais que o assunto já reverberou nas redes sociais.
Ele reforça, porém, que, independentemente de conceitos, há um fator preponderante e que deve ser respeitado: “acredito que, em qualquer lugar do mundo, a liberdade seja um direito. A pessoa tem o direito de se autodeclarar e dizer sua cor”.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da influenciadora aponta a diferença cultural entre os países. “Nos Estados Unidos, a questão racial é bem delicada, não é igual ao Brasil onde temos muita mistura de raças. Não há muito conhecimento sobre os latinos que são também afrodescendentes. Uma questão de cultura mesmo, e como a Indy é brasileira, criada com toda nossa mistura, o pessoal do Twitter acabou não compreendo muito”.
‘Santista de nascimento e torcida’, descreveu a mãe sobre a filha que nasceu no Morro do Pacheco, no bairro do Valongo, em Santos, no litoral de São Paulo. Indy é jornalista, comissária e influenciadora digital.
A mãe contou que a filha chegou a trabalhar como jornalista no Brasil, mas, como a emissora teve corte de funcionários, ela foi demitida. “Ela ficou inconformada porque o sonho dela sempre foi ser famosa, ela queria ser atriz, queria ser paquita quando criança, sempre gostou de dançar, sempre foi essa pessoa alegre, generosa e espirituosa. Eu resumo minha filha nessas três palavras”.
Indy Santos, participante do Big Brother dos EUA, disse no programa que o pai é negro — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Segundo Jovanilda, a filha deixou o Brasil aos 22 anos porque não conseguiu emprego e sempre que entregava currículo perguntavam se ela falava inglês fluente. “Aí ela não falava, então disse que iria embora. Resolveu tudo, sempre fazia tudo sem falar nada, quando estava tudo resolvido, compra de passagem, e ela falou que ia embora”.
Em Los Angeles, Indy trabalhou como faxineira, garçonete e babá, além de trabalhar como freelancer em uma emissora de TV. “Ela queria investir na profissão dela, fez pós-graduação em jornalismo, já tem uma bagagem boa de jornalista”.
Após conquistar a cidadania americana no ano passado, Indy investiu o dinheiro que tinha em um curso de aeromoça e, agora, exerce a profissão em voos internos. “Acredito que ela vá falar bastante do Brasil porque a Indy nunca negou as origens dela, ela fez faculdade [aqui], escreveu um livro ‘Comunidade’ em que falou do Morro, então acho que ela vai levar muito essa questão da raiz dela”.
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