Os peixes da espécie Poecilia Reticulata, conhecidos como barrigudinhos têm sido uma das armas usadas no combate ao aumento de casos de dengue, zika e chikungunya por Guarujá, no litoral de São Paulo. O animal, que pode chegar a 3,5 cm, é um predador de ovos e larvas do mosquito Aedes aegypti, o transmissor dessas doenças.
No litoral de São Paulo, os casos estão em alta com 2.155 pessoas infectadas e sete mortes em investigação (veja tabela abaixo). No Brasil, são mais de 1 milhão de casos confirmados da doença e 272 mortes, sendo 258 por dengue e 14 por chikungunya, com base em dados levantados na noite de domingo (3) nos peineis de monitoramento do Governo de São Paulo e Ministério da Saúde.
É diante desse cenário, de alta de casos e de mortes, que estratégias para evitar a proliferação do vetor são pensadas. Há 10 anos, os peixes barrigudinhos são aliados de Guarujá no combate às larvas e ovos do mosquito. Eles são manuseados por agentes de controle e combate às endemias [ocorrência regular de doença em determinada região].
São os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde e equipes de Vigilância em Saúde que os colocam em piscinas abandonadas, obras paradas ou em poços de elevador. A cidade conta, no momento, com 87 desses locais com os peixes e em monitoramento.
Segundo o biólogo William Rodriguez Schepis, ouvido pelo g1, os barrigudinhos se alimentam de pequenas larvas, ovinhos e outros organismos pequenos. Adaptam-se bem a locais com bastante matéria orgânica e pouco oxigênio e, por isso, são os preferidos para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
O biólogo Alex Ribeiro, coordenador do Aquário de Santos, ressaltou que essa é uma espécie comum em toda a América do Sul. Para ele, usar os peixinhos para eliminar as larvas do mosquito é uma medida ecologicamente positiva para o meio ambiente.
“São animais importantes para fazer esse controle ambiental e estão dentro da cadeia alimentar, porque são alimentos de outros organismos, aves principalmente”, explicou.
Saiba mais sobre o predador
Peixes são usados para conter o avanço da dengue em Guarujá (SP) — Foto: Diego Marchi/Prefeitura de Guarujá
A espécie de água doce vive em pequenos riachos e canais de drenagem pluvial. “São peixes que têm resistência à água com pouco oxigênio. Ao mesmo tempo, estão se alimentando dessas larvas de mosquito e outros insetos que botam larvas nos canais”, afirmou o biólogo.
Além da alimentação ajudar na tarefa, ele se reproduz muito fácil e está presente em grande quantidade, principalmente em córregos municipais. O nome não é à toa: a fêmea está “sempre grávida” e por isso fica maior, já o macho tem a cauda mais colorida e comprida.
“Justamente, ele atrai a fêmea com esse rabão colorido. Então, ele começa a vibrar o rabo na frente da fêmea e consegue acasalar com ela. Quanto maior o rabo e mais colorido, mais chance ele tem de acasalar”, disse William.
Casos de dengue na Baixada Santista
Cidades |
Casos |
Mortes confirmadas |
Mortes em investigação |
Guarujá |
749 |
0 |
3 |
Santos |
243 |
0 |
1 |
São Vicente |
69 |
0 |
1 |
Bertioga |
843 |
0 |
0 |
Praia Grande |
111 |
0 |
1 |
Mongaguá |
9 |
0 |
0 |
Itanhaém |
85 |
0 |
0 |
Peruíbe |
27 |
0 |
0 |
Cubatão |
19 |
0 |
1 |
Total |
2.155 |
0 |
7 |
Apesar da medida, Guarujá é a segunda cidade da região com mais caso confirmados: 749, o que representa 34,7% do total. A cidade só está atrás de Bertioga, com 843 infectados confirmados.
A Prefeitura de Guarujá, no entanto, ressaltou alguns dos benefícios dos peixes, como a dispensa do uso de produtos químicos para eliminar as larvas do Aedes aegypti. Com os barrigudinhos, de acordo com a administração municipal, ainda podem chegar a lugares de difícil acesso e com grande acúmulo de água e gerarem economia de recursos humanos.
A medida é aliada a outras, como nebulização, aplicação de inseticida, telagem de caixa d´água, visita casa a casa e levantamento do índice larvário. Fora isso, os agentes contam com aspiradores e maquinário costal.
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