O Congresso, de maioria opositora, ignorou a ordem de dissolução e destituiu Castillo horas depois e considerou que o ex-presidente tinha uma “permanente incapacidade moral”.
O analista de sistemas e empresário Eli Ramos Vasquez, de 37 anos, é natural de Lima, capital do Peru, e mora no Acre há 20 anos com outros três irmãos. Ele conta que deixou no país a mãe, o pai e outros dois irmãos. Vasquez disse que ele e a família são a favor de Castillo.
“Falei com um irmão meu hoje [quarta, 7] para ver o que está acontecendo lá e aí ele me falou que o presidente tentou fechar o congresso porque não aprova algumas coisas e não teve o apoio dos policiais militares e se deu mal. Mas, essa é a única opção que ele teria para mudar um pouco a política no Peru. Como não teve apoio, se deu mal e agora está detido. Sou a favor do atual governo e meu irmão também, porque até que se prove o contrário é uma pessoa honesta, trabalhadora, de esquerda, ele queria fazer uma política nova, renovar todas as pessoas que estão corrompidas”, afirmou.
Castillo responde ao terceiro processo de impeachment em um ano e meio de poder. Ele declarou o estado de emergência e impôs um toque de recolher em todo o país horas antes do julgamento do impeachment.
Vasquez falou ainda que a situação está tensa no país e que teme pela família, pois, como o país está dividido, ele está muito preocupado.
“A situação está muita tensa lá, a parte do Congresso está fechada, têm muitas pessoas protestando, reclamando, está tudo completamente parado. Supermercados parados, está um caos e está difícil sair até nas ruas. A gente fica preocupado porque política muda tudo, então, vai ter inflação, aumento de tudo, o dólar também vai disparar por causa da instabilidade da política. Isso influencia em tudo. Têm muitas pessoas a favor e muitas contra o presidente. Desde o primeiro momento em que ele assumiu a liderança não foi bem aceito, sempre têm as pessoas que desaprovam e não querem ver outro presidente dentro da política.
Uma peruana que é de Cuzco, mas que mora no Acre há 11 anos e preferiu não se identificar, disse que embora não esteja acompanhando a situação política do país tão de perto, os familiares estão divididos em relação à situação que o país enfrenta.
“Lá tem a questão de esquerda e direita. Pela direita quem estava querendo se candidatar era a filha de um ex-presidente que está preso por corrupção, então, eles optaram por não votar nela e deixaram a esquerda governar. Aí existe uma divisão, porque o governo de Pedro Castilho, ele na verdade era um militante que organizava greves, ele aproveitou esses movimentos, se tornou conhecido e se candidatou. Só que o lado da esquerda tem muito a ver com terrorismo e extremismo. Meus tios que moram lá no Peru falam que o Castilho tinha contato com ex-governantes que estão presos e queriam fazer um novo movimento para colocar a esquerda no poder ligados ao Abimael Guzman, que era um ex-presidente do país que foi condenado à prisão perpétua por terrorismo.”
A peruana falou que mesmo o país estando dividido, acredita que com a prisão de Castillo a situação deva melhorar, mas, mesmo assim, ainda se preocupa com os familiares que deixou por lá.
“Lá no Peru estão meus avós, tios e irmãos. Até a hora em que falei com meu tio, foi a hora que ele [Castillo] decretou o golpe, estava tudo bem. Depois minhas amigas falaram que estava tendo toque de recolher e que ele tinha decretado, mas como a polícia prendeu ele, acredito que não vai acontecer o toque de recolher. Minha família agora está muito dividida, mas minha família sempre foi de esquerda e agora estão todos divididos depois dos últimos acontecimentos.”
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