O movimento popular aconteceu depois que uma reunião entre o primeiro-ministro e os sindicatos não conseguir quebrar o impasse político.
Os protestos contra a reforma, que aumenta a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, atraíram centenas de milhares de pessoas em manifestações organizadas por sindicatos desde janeiro e, às vezes, se tornaram violentos.
“Não há outra solução senão retirar a reforma”, disse a nova líder do sindicato linha-dura CGT, Sophie Binet, no início do comício em Paris.
Protestante se prepara para atirar artefato durante manifestação em Paris em 6 de abril de 2023 — Foto: Sarah Meyssonnier/REUTERS
As marchas de quinta-feira – o 11º dia nacional de protestos nos últimos três meses – podem fornecer uma indicação de que os comícios prolongados estão perdendo força ou ganhando força.
O dia anterior de manifestações, em 28 de março, atraiu multidões menores, de acordo com o Ministério do Interior, com 740.000 pessoas protestando em todo o país, em comparação com o recorde de 1,28 milhão registrado em 7 de março.
“Entrar em greve é um assunto caro, então você não pode fazer isso para sempre”, disse Jean-Daniel Levy, vice-diretor de pesquisas da Harris Interactive. E a diminuição do poder de compra é um problema real, deixando muitos incapazes de pagar mais greves, disse ele.
Protestantes ateiam fogo em meio a protesto nas ruas da região central de Paris — Foto: Sarah Meyssonnier/REUTERS
Outros dizem que a violência observada nos protestos em todo o país, com dezenas de manifestantes e policiais feridos, afastou as pessoas comuns.
“As manifestações se tornaram mais violentas à medida que avançavam. Isso significa que muitos na França agora estão ficando longe”, Luc Rouban, diretor de pesquisa do CNRS na Sciences Po.
Muitos governos no mundo desenvolvido estão em situações semelhantes. O crescimento populacional está baixo, as pessoas estão vivendo mais, a medicina é melhor e os benefícios custam mais. As tentativas das democracias de equilibrar os orçamentos cortando benefícios, principalmente em países com planos generosos como a França, colocam as administrações em risco. Muitos concordam que Macron cometeu alguns erros fundamentais.
Princípio de incêndio em toldo do famoso restaurante “La Rotonde”, em Paris — Foto: Sarah Meyssonnier/REUTERS
Temendo não obter votos suficientes no parlamento para aprovar o projeto de lei, Macron recorreu à “opção nuclear” usando um artigo especial da constituição francesa que permite ao governo forçar o projeto de lei sem votação. Isso provocou indignação em toda a França que alimentou ainda mais o descontentamento, diminuiu sua popularidade e galvanizou a imagem de seus críticos como um líder monárquico.
Macron perdeu a maioria no parlamento no ano passado e seu governo sobreviveu a dois votos de desconfiança no mês passado, um deles por apenas nove votos, depois que ele irritou a nação ao forçar a reforma no parlamento.
Mulher segura placa dizendo “A França disse não” durante protestos em 16 de março de 2023 — Foto: Daniel Cole/AP
Especialistas dizem que os protestos mostram que Macron foi reeleito mais por causa da antipatia pela candidata de extrema-direita Marine Le Pen do que pelo entusiasmo por ele. E mesmo que os protestos diminuam, o presidente francês ainda terá um nariz sangrando (ferimento recorrente e incômodo) político e uma mancha permanente em sua autoridade.
“Estou preocupado com a França. Porque as pessoas realmente odeiam Macron – nós o odiamos – e estamos apenas no começo, temos mais quatro anos”, disse o vendedor de seguros Mohamed Belmoud, 28. “Ele continuou sendo de cima para baixo. Os franceses precisam ver mais concessões.”
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