“Ela tem um objetivo. Todo mundo gosta de cachorro e gato, e a gente chama de pet, mas o que é o pet? O pet são os animais que a gente não come, o resto a gente come. Então, a ideia é mostrar que os outros animais também sentem dor e podem conviver com a gente para ter uma mudança de comportamento, respeito e alimentação”, contou o tutor, que passou por um apuro nesta semana, em que Adalgysa ficou desaparecida por algumas horas.
“O portão aqui da ONG tem uma fresta, que a gente tampa com uma ripa grande. Apesar dela ter três meses, o porco tem muita força. Então, ela afastou esse caibro e passou. Ela foi para rua e, como é muito bonitinha, as pessoas passaram, viram, e já levaram na hora. A gente fez um monte de postagens nas redes sociais, e chegou até a pessoa que encontrou”, lembrou.
Porca Adalgysa é treinada para fazer ‘pet terapia’ com crianças em escolas e hospitais — Foto: Arquivo Pessoal
Ao g1, o veterinário Danilo Sato Martins explicou que a pet terapia é um tratamento que auxilia em alguns tipos de doença, principalmente as que envolvem a parte cognitiva e emocional do paciente. Os animais mais utilizados são os cavalos e os cães, mas há pets não convencionais, como a porca Adalgysa.
“Os animais podem auxiliar na parte sensorial e na parte emocional, ajudando o paciente a interagir e melhorar a comunicação social. Diversos estudos comprovam a melhora do quadro do paciente, principalmente a melhora do bem-estar”, afirmou o veterinário.
O tutor leva a Adalgysa e conversa sobre o respeito e amor pelos animais. “Muita criança não sabe o que é um porquinho, eles estão acostumado com aquela Peppa Pig na televisão. Então, teve criança que falou: ‘nossa, tio! Que cachorro diferente’. Hoje, a criança fica só no computador, tablet e celular”, disse.
A intenção de Trindade é formar uma “trupe dos animais”, com cabrito, ovelha, galinha e a porca Adalgysa, para fazer pet terapia com crianças em hospitais e escolas.
Porca Adalgysa é dócil e interage com todos os animais — Foto: Arquivo Pessoal
Segundo o tutor, é mais fácil cuidar de um porco do que de um cachorro. O animal come de tudo, mas não possuí saciedade [estado de satisfação do apetite]. Por este motivo, é preciso tomar cuidado com a quantidade de comida.
“Adalgysa come muita fruta e legumes. Ela tem uma alimentação bem balanceada e vegetariana”, afirmou
Trindade explicou que ensina, insiste e assim que Adalgysa executa, recebe um petisco como premiação. Então, com as repetições, ela memoriza. A porca já aprendeu a sentar, obedecer, fazer as necessidades no lugar certo, e andar apenas do lado do tutor, não sendo necessário usar coleira. O único comando que falta é sentar, pois os porcos tem dificuldade em ficar nessa posição.
Ele acrescenta, ainda, que Adalgysa é dócil e interage com todos os animais. O tutor afirmou que tenta quebrar os preconceitos contra os porcos.
“As pessoas têm medo, mas eles são muito amorosos e limpinhos. Todo mundo fala que o porco é sujo, mas por que esse estigma? Quando estamos com calor, começamos a suar, transpirar, e o porco não sua. Então, para regular a temperatura corporal, ele deita na lama e na água”, finalizou.
Crianças aprendem sobre respeito e amor pelos animais com a porca Adalgysa — Foto: Arquivo Pessoal
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
Publicar comentários (0)